Maturin: A Tartaruga Cósmica no Universo de Stephen King
A figura de Maturin, a tartaruga cósmica, emerge como um elemento central e enigmático no universo literário de Stephen King. Amplamente explorada na série “It: Bem-Vindos a Derry”, a criatura representa muito mais do que um simples monstro; ela personifica a profundidade e o absurdo que permeiam a obra do autor.
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Maturin, que aparece nos livros “IT: A Coisa” e “A Torre Negra”, é uma entidade ancestral, anterior à própria criação do universo, inserida no “Macroverso”, um espaço infinito onde residem todas as forças primordiais da escrita de King.
A lógica por trás da existência de Maturin é, em si, um mito. Segundo King, a tartaruga foi concebida por acaso: um acesso de enjoo resultou na sua criação. Essa abordagem absurda, que King domina, funciona justamente por equilibrar a cosmologia com um toque de delírio, algo comum em narrativas que exploram o horror e o metafísico.
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A tartaruga, portanto, não é apenas um guardião, mas um símbolo da própria ordem, da compaixão e da sabedoria, em clara oposição ao caos e à destruição personificados por Pennywise, o palhaço-monstro.
A importância de Maturin se intensifica ao longo da saga. Ele é um dos Doze Guardiões dos Feixes, estruturas místicas que sustentam a Torre Negra, o eixo central que conecta todas as realidades criadas por King. Cada Feixe é protegido por um animal, e Maturin, ao lado do lendário Urso Shardik, ocupa uma posição de grande poder.
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Sem a tartaruga, não há Torre, e sem a Torre, não existe a realidade como a conhecemos.
Apesar de sua importância monumental, Maturin raramente interage diretamente com os personagens. Nas adaptações cinematográficas de “IT”, suas aparições são raras, mas King utiliza referências simbólicas, como tartarugas em brinquedos, diálogos e talismãs, para reforçar a presença da criatura.
A tartaruga, nesse contexto, representa sorte, proteção e a lembrança daquilo que resiste ao horror. O momento em que Bill Denbrough testemunha o “cadáver cósmico” da tartaruga, após a batalha contra Pennywise, é um dos mais impactantes e melancólicos da história.
A inspiração por trás de Maturin parece ter raízes em diversas culturas indígenas. A tartaruga, em muitas tradições, simboliza identidade, autonomia, conexão cultural e respeito ao meio ambiente. A imagem da tartaruga carregando o mundo em suas costas é um arquétipo presente em diversas histórias, como a da Ilha da Tartuga, onde o animal é considerado o centro da criação.
O nome “Maturin” também pode ter sido uma homenagem ao personagem Stephen Maturin, presente nos romances de Aubrey-Maturin, escritos por Patrick O’Brian.
