St Marche conquista aprovação judicial e levanta R$ 90 milhões para recuperação financeira
Após a apresentação da recuperação extrajudicial, a rede obteve R$ 90 milhões através de um DIP financing, um financiamento estruturado para empresas em crise.
Grupo St Marche tem plano de recuperação homologado
Com uma dívida de 528 milhões de reais, o Grupo St Marche teve seu plano de recuperação extrajudicial aprovado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. A decisão, confirmada na última sexta-feira, 10, encerra uma negociação que começou há menos de seis meses e marca o início de uma nova fase para a rede de supermercados paulista, reconhecida por atuar no segmento premium.
A empresa entrou no processo com uma dívida de 528 milhões de reais e, desde então, conseguiu captar 90 milhões de reais por meio de um DIP financing, um tipo de financiamento estruturado para empresas em dificuldades financeiras. Parte desse montante foi utilizada para regularizar pagamentos e reabastecer estoques.
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Comentários do CEO
“Protocolamos a recuperação em abril e a homologação ocorreu rapidamente, se comparada aos padrões do mercado. Isso demonstra a confiança da cadeia produtiva no plano e na reputação que construímos ao longo de 23 anos”, afirma Bernardo Ouro Preto, CEO do Grupo St Marche.
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Com a operação estabilizada, a nova meta é recuperar margens e reconquistar clientes em um cenário de consumo mais seletivo e custos elevados. A empresa planeja lançar novos produtos, reformular seu sortimento e realizar ativações promocionais no último trimestre do ano.
Causas da crise
A crise do grupo remonta ao período pós-pandemia. Em 2021, o St Marche contava com 21 lojas e um faturamento de 700 milhões de reais. Com juros baixos e um consumo aquecido, a empresa decidiu acelerar seu plano de expansão. Três anos depois, chegou a 32 lojas e um faturamento de 1,3 bilhão de reais.
No entanto, nesse intervalo, os juros subiram de 2% para os atuais 15%, criando um descompasso entre o crescimento e os custos financeiros, o que pressionou o caixa da empresa.
Estrutura do plano de recuperação
O pedido de recuperação extrajudicial foi protocolado em abril, mas as negociações com credores começaram em fevereiro. O acordo envolveu principalmente a dívida financeira de 528 milhões de reais, com 275 milhões concentrados em um fundo do banco BTG Pactual, que se tornou uma peça-chave no processo.
O plano prevê o alongamento dos pagamentos por até 30 anos, com correção pelo CDI e TR. Paralelamente, o grupo captou 90 milhões de reais por meio de um DIP, liderado pelo BTG e pelo fundo americano L Catterton, controlador do grupo desde 2016.
A segunda parcela do aporte, que seria liberada após a homologação, foi antecipada em setembro, antes da aprovação oficial do plano. Parte dos recursos foi destinada à estabilização da operação e reabastecimento de estoques, reduzindo o índice de ruptura para 10%, abaixo da média do setor, que foi de 13,1% em agosto, segundo dados da Neogrid.
Próximos passos
Com a fase jurídica concluída, o foco agora está no consumidor. A rede lançou 200 novos produtos de marca própria, abriu 200 novas vagas nas lojas e iniciou uma campanha promocional com o lema “A gente quer te ver sempre”, visando aumentar a recorrência e o tíquete médio.
Autor(a):
Bianca Lemos
Ambientalista desde sempre, Bianca Lemos se dedica a reportagens que inspiram mudanças e conscientizam sobre as questões ambientais. Com uma abordagem sensível e dados bem fundamentados, seus textos chamam a atenção para a urgência do cuidado com o planeta.