Intoxicações por Metanol Alerta Saúde em São Paulo

As autoridades de saúde do estado de São Paulo estão em alerta após a confirmação de três mortes causadas por intoxicação por metanol, uma substância altamente tóxica utilizada ilegalmente na adulteração de bebidas alcoólicas. Desde o início de outubro, o governo estadual tem atualizado os dados sobre o surto, que já contabiliza 176 notificações em todo o território paulista.

Dentre os casos notificados, 18 foram confirmados como intoxicação por metanol. Outros 35 seguem sob investigação, e 38 já foram descartados após análise laboratorial. Até agora, 85 das notificações foram concluídas sem confirmação de contaminação.

Um dos casos confirmados é o de Bruna Araújo, uma mulher de 30 anos, que morreu no dia 2 de outubro na cidade de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. A jovem é uma das três vítimas fatais cuja morte foi diretamente relacionada à ingestão de metanol.

Além disso, outras 10 mortes suspeitas estão sendo analisadas para confirmar se houve ligação com a substância.

A situação vem gerando forte mobilização das autoridades sanitárias, policiais e acadêmicas.

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Para acelerar a detecção dos casos, o governo paulista implementou um novo protocolo de atendimento e diagnóstico, com amostras de sangue e urina sendo analisadas em até uma hora no Laboratório de Toxicologia Analítica Forense (LATOF), vinculado ao Departamento de Química da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto. O objetivo é garantir rapidez no diagnóstico e oferecer tratamento imediato, aumentando as chances de sobrevivência dos pacientes contaminados.

Paralelamente, a Vigilância Sanitária Estadual, em conjunto com a Vigilância Municipal e a Polícia Civil, intensificou as fiscalizações em estabelecimentos comerciais. Até o momento, dez locais foram interditados por suspeita de vender bebidas adulteradas.

As ações se concentram em regiões da capital paulista como Mooca, Itaim Bibi, Bela Vista, Jardins e M’Boi Mirim, além de municípios da Região Metropolitana como Osasco, Barueri e São Bernardo do Campo.

De acordo com dados divulgados pela Secretaria de Segurança Pública, 42 pessoas foram presas em 2024 por envolvimento com a produção e comercialização de bebidas ilegais, sendo que 21 dessas prisões ocorreram apenas na semana em que os primeiros casos fatais vieram à tona.

O governo também anunciou medidas emergenciais para reforçar o tratamento dos pacientes intoxicados. Foram adquiridas 2 mil ampolas de álcool etílico — um dos antídotos utilizados no atendimento de vítimas de envenenamento por metanol — que serão distribuídas para hospitais e centros de referência em todo o estado.

A tragédia chama a atenção para um problema recorrente no Brasil: a adulteração de bebidas alcoólicas com substâncias perigosas, geralmente vendidas em mercados paralelos ou informais. O metanol, utilizado legalmente como solvente industrial, é extremamente tóxico para o consumo humano, podendo causar cegueira, falência renal, danos neurológicos graves e morte em poucas horas.

O governo do estado orienta a população a evitar a compra de bebidas alcoólicas de procedência duvidosa, especialmente aquelas vendidas sem rótulo, sem lacre de fábrica ou em locais não licenciados. Também pede que qualquer suspeita de bebida contaminada seja denunciada imediatamente às autoridades de saúde ou à Polícia Civil.

As investigações continuam em andamento, com expectativa de novos desdobramentos nos próximos dias. Enquanto isso, profissionais da saúde seguem em estado de prontidão para lidar com possíveis novas vítimas do metanol, numa corrida contra o tempo para conter os danos causados por essa onda de intoxicação no estado mais populoso do país.