Snus, um produto tradicional, ganha popularidade rapidamente
O tabaco em pó, com embalagens coloridas e opções com sabores, tem conquistado espaço entre a geração Z.

O snus pode ser que você nunca tenha ouvido falar. Trata-se do próximo grande produto de consumo de tabaco que atrai jovens, literalmente, pela boca. E o mais notável: sem a necessidade de tragar e sem ser percebido. A palavra tem origem sueca e significa tabaco em pó umedecido. O uso é simples: uma porção do produto é colocada entre o lábio superior e a gengiva. A saliva realiza o trabalho de dissolver o conteúdo e, através da mucosa, assegurar a penetração da nicotina na corrente sanguínea.
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A produção do snus é simples. É uma mistura de tabaco, água, carbonato de sódio e carbonato de potássio. O produto pode ser fermentado ou pasteurizado e é encontrado em pó, como uma espécie de raspas, ou em sachês já preparados. Os sachês têm tamanhos variados e, colocados na boca, agem muitas vezes por horas. Há ainda snus saborizados. Na Suécia o produto é regulamentado pela legislação de produtos alimentícios.
Produtos que parecem inovadores e revolucionários são frequentemente promovidos por meio de estratégias de marketing ou removidos das preferências dos consumidores em busca de novidades. O snus surgiu no século XVIII na Suécia, originário do hábito de colocar raspas de madeira na boca. Com o tempo, substituiu o tabaco. Contudo, foi na década de 90 que passou a ser considerado um produto de consumo, com modernização e embalagem. Atualmente, é vendido na Suécia, Islândia, Noruega, Suíça, Estados Unidos e Canadá, sendo que estes últimos possuem regras mais rígidas de publicidade e comercialização. No Brasil, a venda é proibida até a primeira busca na internet. O produto, embora sem regulamentação, pode ser adquirido com facilidade.
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Em discussões recentes, surgiram novos usos. O primeiro é a utilização do tabaco úmido como agente de emagrecimento. É fato que a nicotina diminui a fome. É preciso compreender que a substância é viciante. Outro uso que se discute é que o uso auxiliaria no desempenho em atividades esportivas, especialmente na musculação. A situação é semelhante. Os supostos benefícios nunca são apresentados ao lado dos riscos da dependência, de AVC e problemas cardiovasculares. No entanto, os possíveis danos vão além. O efeito mais comum é a retração da gengiva. O uso frequente pode levar ao aparecimento das chamadas placas brancas, lesões que podem ser marcadores pré-cancerosos e até tumores no sistema digestivo.
A Suécia, o país que mais estuda os efeitos do snus, possui estudos que indicam que o uso do produto diminui a incidência de doenças causadas pelo tabagismo quando fumado. Nos Estados Unidos, a FDA publicou o estudo “Swedish Match USA Inc. MRTP application – General Snus”, onde se demonstra que o produto é um MRTP, Produto com Risco Reduzido, em comparação com o cigarro. Uma alternativa é a redução do número de cigarros consumidos diariamente.
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Os adesivos de nicotina foram consistentemente vistos como uma chance de diminuir o consumo de cigarros. Qual a distinção para o snus? Primeiramente, os adesivos operam no âmbito do tratamento, não sendo considerados produtos de consumo. Os adesivos, obviamente, não empregam sabores e aromas que geram um uso quase recreativo do produto. Dessa forma, particularmente para os setores mais jovens, podem ser utilizados como primeiro contato com a nicotina e todos os seus malefícios.
A Philip Morris, empresa do setor de tabaco, obteve na segunda metade do ano uma receita de 10,1 bilhões de dólares, representando um crescimento de 7% em comparação com o mesmo período de 2024. Nesse resultado, os produtos não fumígenos representaram 41% das receitas líquidas, com um aumento de vendas em volume superior a 15%. As vendas de latas dos sachês de nicotina ZYN se destacaram, alcançando mais de 190 milhões de unidades no período.
Com sabores e latas coloridas, os snus, principalmente da marca Phillip Morris, estão conquistando espaço e uso crescente entre a Geração Z. Isso contrasta com a informação de que essa geração seria preocupada com a saúde e abandonaria hábitos como o álcool, inclusive aderindo a festas em cafeterias. Além disso, os snus demonstram o oposto. Ir a uma festa sem álcool não implica abandonar festas com álcool e beber. E não significa que a saúde seja o único fator de preocupação. Todos os segmentos da sociedade são multifacetados e apresentam comportamentos contraditórios. As suposições e previsões generalizadas, na maioria das vezes, se dissipam como fumaça.
Fonte por: Carta Capital
Autor(a):
Lara Campos
Com formação em Jornalismo e especialização em Saúde Pública, Lara Campos é a voz por trás de matérias que descomplicam temas médicos e promovem o bem-estar. Ela colabora com especialistas para garantir informações confiáveis e práticas para os leitores.