Silêncio do governo Lula sobre ofensiva dos EUA à Venezuela intensifica cerco, afirma internacionalista

Professor classifica plano da CIA como “gravíssimo” e critica “leniência” do Brasil, evidenciando dois pesos e duas medidas na política externa.

16/10/2025 13:21

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(Imagem de reprodução da internet).

Crítica ao Silêncio do Governo Brasileiro sobre Ações dos EUA na Venezuela

Gilberto Maringoni, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC), criticou a falta de resposta do governo brasileiro após a revelação de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, autorizou a CIA a realizar ações letais secretas na Venezuela. A informação foi divulgada pelo jornal New York Times e confirmada por Trump nesta quarta-feira (15).

Maringoni afirmou que “o Brasil está sendo leniente com uma tentativa de invasão” em entrevista ao Conexão BdF. Ele destacou que a ausência de um posicionamento oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, reforça a percepção de “dois pesos e duas medidas” na política externa brasileira.

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Contradições na Política Externa Brasileira

O professor lembrou que o Brasil não reconheceu as eleições na Venezuela e impediu a entrada do país no Brics, mas “prontamente reconheceu” a eleição no Equador, que ocorreu “quase sob estado de sítio”, e o golpe de Dina Boluarte no Peru. “Agora, fica mudo sobre essa tentativa de invasão. O que o Brasil faz, tacitamente, acaba reforçando o cerco à Venezuela”, avaliou.

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Para Maringoni, uma declaração firme de Lula poderia “desgastar internacionalmente essa tentativa de golpe”, dada a influência do Brasil no cenário global.

Ameaça à Soberania da América Latina

Maringoni classificou como “demagogia pura” a justificativa dos EUA de combater o narcotráfico. Ele acredita que o verdadeiro objetivo é a intervenção militar na Venezuela. “É gravíssima essa revelação. Trump está preparando o terreno para uma intervenção de longo prazo sob o pretexto de combater cartéis de drogas”, afirmou.

O professor também relacionou a nova ofensiva de Trump à disputa geopolítica com a China pelo controle de terras raras, minerais estratégicos para a indústria tecnológica e militar. “Quase 80% do armamento de última geração dos EUA depende de terras raras. A China domina 90% do mercado mundial, e o Brasil possui o segundo maior território com essas reservas”, explicou.

Reunião entre Brasil e EUA

A declaração de Maringoni ocorre no mesmo dia em que o ministro Mauro Vieira se reúne com o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, em Washington, nesta quinta-feira (16). Segundo o Itamaraty, o encontro deve abordar temas comerciais e de cooperação tecnológica. Maringoni comentou que “não é uma negociação de bonzinho. A química que Lula menciona é a química das terras raras”.

Autor(a):

Apaixonada por cinema, música e literatura, Júlia Mendes é formada em Jornalismo pela Universidade Federal de São Paulo. Com uma década de experiência, ela já entrevistou artistas de renome e cobriu grandes festivais internacionais. Quando não está escrevendo, Júlia é vista em mostras de cinema ou explorando novas bandas independentes.