Setor do bem-estar investe em psicodélicos
Empresas de bem-estar visam o público da maior conferência de ciência psicodélica global.

Com mais de 50 conferências em diversas salas, a Psychedelic Science Conference abordou temas relacionados à ciência, economia e cultura psicodélica. Paralelamente, houve espaço para negócios, com mais de 50 estandes de empresas e organizações não governamentais oferecendo produtos e serviços do setor no pavilhão de expositores.
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Uma caminhada pelo segundo andar do Convention Center em Denver, Colorado, demonstra a força da economia que se desenvolveu em torno dessas atividades e como empresas de diferentes setores, principalmente os relacionados ao bem-estar , se unem para atrair um público que busca maior qualidade de vida.
Aproximadamente 80% dos palestrantes envolvidos eram empresas que não atuavam diretamente com psicodélicos, como bebidas funcionais, misturas de cafés com cogumelos (exceto os mágicos), biojoias e diversos outros produtos com tratamentos de beleza de última geração não invasivos, seguindo uma linha hippie-chique.
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“Venho expor aqui porque o público é diferenciado, mais aberto e interessado em melhorar aspectos da vida em geral, pois eles possuem realmente uma consciência mais expandida e não vivem só de psicodelia”, declarou a marroquina Elisa, mãe de 4 filhos e representante de uma marca de cosméticos que promete os mesmos efeitos do botox, mas de forma natural.
Outro segmento com diversas manifestações é o de retiros psicodélicos.
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Nos Estados Unidos, essa prática ainda não é legalizada, mas grupos operando no México, Colômbia, Costa Rica e outros países da América Latina promoviam retiros de ayahuasca e psilocibina, com pacotes a partir de US$ 650 para 4 dias, que incluíam sessões de psicodelia e terapia, hospedagem e, em alguns casos, alimentação, oferecendo experiências autênticas para aqueles que desejavam explorar esse universo. Uma dessas empresas, que realiza retiros na Costa Rica, conta com o médico e autor húngaro-canadense, Gabor Maté, reconhecido internacionalmente por seu trabalho com vícios, trauma e saúde mental, entre seus membros do conselho.
Devido à falta de regulamentação completa, existe incerteza em relação à qualidade das substâncias psicodélicas disponíveis globalmente.
Com base na lógica da redução de danos e do uso seguro, algumas marcas apresentaram kits para testagem de diversas drogas, e em seus estandes promoviam não apenas a venda dos produtos, mas também a educação sobre formas mais seguras de uso e interações medicamentosas entre substâncias variadas.
Dessa forma, uma empresa criativa desenvolveu kits de preparação específicos para cada psicodélico. Cada kit compreende pastilhas projetadas para proteger o estômago, no caso dos cogumelos, ou diminuir o mau humor após sessões de MDMA. A ideia é tornar a experiência psicodélica mais agradável, removendo as dificuldades comuns.
Diversas organizações não governamentais de diferentes Estados americanos alugaram estandes para recrutar novos membros, oferecendo parcerias que, por um valor reduzido, possibilitam apoiar a causa e obter informações especializadas. Estavam presentes iniciativas como igrejas que utilizam psilocibina, grupos de veteranos que buscam a aprovação do MDMA como tratamento, entidades que promovem a legalização de todos os psicodélicos e outras focadas em uma única substância, como a ibogaina.
A formação de terapeutas e facilitadores tem ganhado mais espaço. De acordo com o evento, nesta edição, dobrou a oferta de estandes que vendiam algum tipo de formação psicodélica, incluindo a opção com o Camp (Centro Avançado de Medicina Psicodélica), uma iniciativa que nasceu no Instituto do Cérebro, da UFRN, e tem participação dos neurocientistas e brasileiros de renome internacional, como Dráulio Araújo e Sidarta Ribeiro — entre vários outros grandes nomes.
Corredores com expositores de soluções para o universo psicodélico indicaram minha chegada ao primeiro mercado. Longe dali, a liberdade individual e coletiva no uso de substâncias com fins terapêuticos se une a oportunidades de negócios inovadoras – empresas que se desenvolvem, geram empregos e elevam a arrecadação de impostos. O resultado é uma sociedade com menos depressão, dependência e outros problemas, ao mesmo tempo em que o Estado dispõe de recursos para políticas de educação sobre essas substâncias e programas de qualidade de vida para a população.
Fonte por: Poder 360
Autor(a):
Bianca Lemos
Ambientalista desde sempre, Bianca Lemos se dedica a reportagens que inspiram mudanças e conscientizam sobre as questões ambientais. Com uma abordagem sensível e dados bem fundamentados, seus textos chamam a atenção para a urgência do cuidado com o planeta.