O setor de dispositivos médicos investe em tecnologia “Made in Brazil” para fortalecer o SUS e reduzir importações, destacando-se em mercados globais em 2025
O setor de dispositivos médicos está investindo em tecnologia “Made in Brazil” para diminuir a dependência de importações e fortalecer o SUS (Sistema Único de Saúde), conforme destaca a Abimo (Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos).
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O governo federal incluiu essa área entre os eixos estratégicos da nova Política Industrial da Saúde, lançada em 2025, com o objetivo de incentivar a produção nacional de tecnologias essenciais.
Com essa nova agenda e a equiparação tributária prevista na Reforma Tributária, a tecnologia médica nacional tem ampliado sua presença no mercado global. Dados da Abimo indicam que o setor já realiza exportações para mais de 180 destinos, consolidando sua presença em mercados exigentes, como Europa e Ásia, e reforçando a produção nacional como símbolo de autonomia e competitividade.
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Larissa Gomes, gerente de Projetos e Marketing da Abimo, afirma que a tecnologia Made in Brazil já demonstra a capacidade do país de competir em mercados sofisticados. “Empresas brasileiras têm conquistado espaço em regiões competitivas, como China e EUA, onde apenas cinco fabricantes no mundo têm registro para produtos de alta complexidade”, ressalta.
Entre janeiro e agosto de 2025, as exportações brasileiras de dispositivos médicos totalizaram US$ 761,6 milhões, representando um crescimento de 6,8% em relação ao mesmo período de 2024. O aumento foi observado em todos os segmentos, incluindo reabilitação (+26,6%), odontologia (+8,1%) e laboratório (+6,3%).
A Abimo destaca que a Reforma Tributária poderá corrigir distorções, permitindo que hospitais públicos e filantrópicos tenham alíquota zero nas compras de dispositivos médicos nacionais. Essa medida deve criar condições mais equilibradas de concorrência e estimular a produção local de equipamentos hospitalares e materiais cirúrgicos.
“Nosso objetivo não é apenas a autossuficiência, mas a competitividade global. O Brasil já é competitivo e tem potencial para crescer em segmentos como reabilitação e odontologia, todos com aumento nas exportações em 2025”, afirma Gomes. Contudo, ela ressalta que é fundamental que o setor público volte a ser comprador para que as empresas possam inovar.
A Abimo defende uma política contínua de incentivo à produção local e à modernização hospitalar. Entre as propostas apresentadas ao governo federal, está a criação de linhas de crédito e programas de financiamento para a modernização do parque tecnológico hospitalar, priorizando a aquisição de equipamentos nacionais.
Essas medidas visam reduzir o déficit comercial do setor, gerar empregos e ampliar o acesso da população a diagnósticos e tratamentos de qualidade. A entidade também aponta que a alta carga tributária e a defasagem da tabela de remuneração do SUS são entraves significativos para o crescimento do setor.
A inovação tecnológica é uma das principais estratégias do setor para enfrentar adversidades, como as tarifas impostas pelos EUA. A Abimo informa que, mesmo com essas tarifas, o Brasil não apenas manteve seu volume total de exportações, mas também registrou um crescimento de 6,83% no acumulado do ano.
Houve um avanço significativo em mercados como Europa, Oceania e América Latina, além da entrada em mercados estratégicos como a China, que se tornou o principal destino dos produtos brasileiros na Ásia. “Uma tecnologia brasileira forte significa menos dependência de um único mercado e mais capacidade de competir globalmente”, conclui Gomes.
Autor(a):
Gabriel é economista e jornalista, trazendo análises claras sobre mercados financeiros, empreendedorismo e políticas econômicas. Sua habilidade de prever tendências e explicar dados complexos o torna referência para quem busca entender o mundo dos negócios.