Setor Aéreo Brasileiro Enfrenta Desafios Após Pandemia
O setor aéreo no Brasil continua lidando com um cenário complicado desde a pandemia de Covid-19. As três principais companhias aéreas do país iniciaram processos de recuperação judicial nos Estados Unidos em anos subsequentes. Essa situação impacta diretamente as operações, levando as empresas a implementarem mudanças que vão desde a redução de rotas até a seleção de lanches oferecidos aos passageiros.
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Recentemente, casos virais nas redes sociais reacenderam o debate sobre a qualidade dos serviços prestados. Em outubro, um voo da Azul, que partia de Madri com destino a Campinas, foi cancelado, afetando cerca de 300 passageiros e sendo remarcado pelo menos três vezes.
A companhia lamentou o ocorrido e afirmou ter prestado o atendimento necessário aos usuários.
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Reclamações e Desafios no Setor
Gustavo Mársico, um dos passageiros do voo AD8755, relatou que não houve contato da Azul com os passageiros que estavam nos hotéis. Ele mencionou que um grupo foi criado para troca de informações, e que houve várias remarcações. Esse episódio reflete um aumento significativo nas reclamações contra a Azul, que, segundo dados do Procon-SP, registrou 1.964 queixas em 2025, totalizando 4.366 reclamações entre as três principais companhias do Brasil.
Em resposta, a Azul declarou que está comprometida com a qualidade de suas operações e com a excelência no atendimento, priorizando a segurança. A companhia se esforça para resolver as questões de seus clientes de maneira adequada, respeitando as normas regulatórias e mantendo um diálogo aberto com os órgãos competentes.
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Impactos da Crise e Judicialização
A crise sanitária de 2020 resultou na paralisação quase total dos voos comerciais em todo o mundo, mas as empresas aéreas precisaram manter suas estruturas, acumulando dívidas bilionárias. Além da pandemia, o setor enfrenta outros desafios, como os altos custos operacionais, que são impactados pela variação do dólar, conforme destaca Juliano Noman, presidente da Abear.
Outro problema é o elevado nível de judicialização no Brasil. Tiago Faierstein, presidente da Anac, aponta que mais de 90% das ações judiciais relacionadas ao setor aéreo ocorrem no Brasil, que representa apenas 3% do tráfego aéreo global. Essa situação gera um custo estimado em R$ 1 bilhão por ano para lidar com processos judiciais, o que afeta a competitividade do setor.
Expectativas e Futuro do Setor Aéreo
As empresas buscam uma revisão nas normas da Anac que definem as obrigações das companhias e os direitos dos passageiros. Faierstein anunciou que uma consulta pública sobre a atualização dessas normas deve ser lançada em janeiro, com ampla discussão antes da implementação.
Atualmente, o setor está em processo de reestruturação após os pedidos de recuperação judicial. A Latam e a Gol já concluíram esse processo e estão focadas na expansão, enquanto a Azul ainda está reorganizando sua estrutura. Um tribunal dos Estados Unidos aprovou recentemente o plano da Azul, e a expectativa é que a empresa anuncie sua saída do processo no início do próximo ano.
Apesar das expectativas otimistas, incidentes de grande repercussão, como o ocorrido em outubro, continuam a ser frequentes. O caso da morte de um Golden Retriever de cinco anos gerou discussões no Senado sobre novas regras para o transporte de animais.
Para Gustavo, que passou por dificuldades durante a espera pelo novo voo, a necessidade de melhorias é evidente, mesmo após receber um ressarcimento pelos gastos extras em Madri.
