O próximo presidente da Bolívia será definido entre um senador e um ex-presidente, em um segundo turno inédito entre duas candidaturas de direita, após 20 anos de governos de esquerda liderados por Evo Morales.

Rodrigo Paz surpreendeu ao vencer a eleição de domingo 17, sendo seguido por Jorge Quiroga, com quem disputará o segundo turno em 19 de outubro.

Eles interpretaram a rejeição do eleitorado ao Movimento Ao Socialismo (MAS), partido ao qual se atribui a causa da grave crise econômica decorrente da escassez de dólares.

Quem são os dois candidatos que competem para suceder à esquerda?

O imprevisto.

Rodrigo Paz Pereira, economista de 57 anos, é filho do ex-presidente social-democrata Jaime Paz Zamora (1989-1993). Sua vitória no primeiro turno foi inesperada – uma semana antes da eleição, as pesquisas o colocavam entre o terceiro e o quinto lugar.

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Além de senador por Tarija, um departamento da Bolívia, ele também foi deputado e prefeito da capital da região próxima à fronteira com a Argentina.

Desejo parabenizar o povo boliviano, por ter declarado: “quero mudar, e isto é um sinal de mudança”, declarou Paz diante de centenas de apoiadores que o esperavam na entrada da sede de sua campanha em La Paz.

Nascido em Santiago de Compostela, Espanha, durante o exílio de sua família em razão da perseguição da ditadura militar, possui a nacionalidade boliviana devido à origem paterna. Sua mãe é espanhola.

Longe das discussões entre Quiroga e Samuel Doria Medina, que eram temas centrais nos noticiários, Paz conduziu uma campanha discreta e sóbria em nome do Partido Democrata Cristão.

O aspirante a cargo assegurou a inclusão das classes médias e de baixa renda do país com linhas de crédito acessíveis, livre comércio de produtos e uma reforma tributária para estimular a indústria nacional.

Seu principal trunfo na campanha foi o candidato a vice-presidente, Edman Lara, um policial que, ao longo de anos, desenvolveu uma reputação de combate à corrupção em seu órgão.

Filho de um antigo ditador.

Jorge Quiroga é um engenheiro de 65 anos, graduado na Universidade A&M do Texas, ex-colaborador da empresa multinacional americana IBM e atualmente candidato da aliança política Livre.

Ele ainda fazia parte de um grupo de oposição, ao lado de Doria Medina, que havia se comprometido com um único candidato à presidência. Contudo, em razão das discordâncias sobre a escolha do postulante, Quiroga abandonou o bloco.

Conhecido como “Tuto”, apelido que lhe foi adicionado ao nome oficial, foi vice-presidente do militar Hugo Banzer, um ex-ditador que, no final da década de 1990, alcançou a presidência pela via democrática. Substituiu Banzer após sua renúncia devido a um câncer em 2001 e 2002.

Também concorreu à presidência em 2005 e 2015, porém nunca apresentou tantas chances como a atual. Ele se define como liberal, mas também atrai o apoio de setores conservadores.

Comprometo-me a resgatar a economia da Bolívia, atrair investimentos, desenvolver novos mercados. Realizarei acordos de livre comércio com a China, Coreia do Sul, Japão e a Europa, afirmou à AFP.

Anuncia uma transformação drástica: diminuir o déficit fiscal, enxugar o Estado, privatizar todas as empresas públicas com perdas e implementar uma nova Constituição com alterações radicais.

A crise não vai diminuir. Irá piorar, tornando-se mais severa, mais complexa. É o maior desafio institucional, econômico e moral da nossa história. E enfrentaremos todos juntos, afirmou após o anúncio dos resultados do primeiro turno.

Fonte por: Carta Capital