Sem pão, sem gasolina e sem dólares: o descontentamento na Bolívia em vésperas das eleições
Após duas décadas, a esquerda não lidera as projeções para a disputa pela presidência; as eleições ocorrerão no próximo domingo.

No centro de La Paz, com as eleições gerais bolivianas se aproximando, Wilson Paz visitou mais de dez comércios, porém não conseguiu encontrar pão fresco; a crise econômica havia deixado os padeiros sem farinha.
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“Estamos aguardando ansiosamente que as eleições aconteçam para mudar este cenário que nos tem empobrecido bastante”, afirma o trabalhador autônomo de 39 anos, com uma família de sete membros.
A falta de alimentos, combustíveis e dinheiro intensifica o descontentamento na Bolívia em vista das eleições presidenciais e legislativas, previstas para o próximo domingo, 17.
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Por primeira vez em 20 anos, a esquerda não figura nas pesquisas como opção viável. Dois candidatos de direita, o empresário Samuel Doria Medina e o ex-presidente Jorge Quiroga (2001-2002), lideram as preferências eleitorais.
O governo do presidente Luis Arce, que não concorrerá à reeleição, consumiu quase integralmente suas reservas internacionais de dólares para financiar sua política de subsídios. Além disso, é necessário importar gasolina e diesel, bem como alguns insumos, incluindo o trigo para a produção de farinha, e estes são comercializados a preços mais baixos no mercado interno.
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Sem a possibilidade de compras internacionais, a oferta desses produtos se tornou instável e causou filas extensas.
“Com este governo não há esperança. É preciso que saia e entre outro que saiba como vivem os pobres”, diz Ligia Maldonado, uma dona de casa de 70 anos que sai da padaria sem o pão “marraqueta” (semelhante ao francês), seu favorito e que é subsidiado aos habitantes de La Paz.
Diante da inflação de 24,8% em julho, no acumulado anual, o marraqueta se destacou como um dos poucos produtos que não apresentou elevação de preços, em razão do controle de preços estabelecido pelo governo.
Outros pães, sem apoio governamental, estão disponíveis nas lojas, porém seu preço subiu significativamente e eles não são acessíveis a todos.
Alguém é melhor.
Os motoristas têm se acostumado a perder tempo de trabalho em longas filas nos postos de gasolina.
O taxista Manuel Osinaga relata que “partiu às 6h da manhã e às 11h já estava entrando para abastecer”.
A exportação de gás natural, que antes representava o principal motor da economia boliviana e garantia uma significativa entrada de divisas, tem apresentado uma forte queda desde 2017.
As vendas desse hidrocarboneto totalizaram 1,6 bilhão de dólares (9,9 bilhões de reais, na cotação da época), conforme dados do governo, enquanto os gastos do governo no exterior, por dívida externa e importações, atingiram 5 bilhões (quase 31 bilhões de reais).
O dólar paralelo se dobrou no mercado informal, elevando o custo de diversos produtos essenciais.
Carlos Tavera, um socialista aposentado de 65 anos, assegura que apoiará o melhor candidato da oposição, ainda que seja de direita. “Qualquer um é melhor do que isso”, afirma.
Atualmente, não dispomos de dólares. Há filas para gasolina, para pão, para tudo. Nos hospitais não há medicamentos, acrescenta.
sangue, suor e lágrimas
O economista Napoleão Pacheco, professor da Universidade Mayor de San Andrés, aponta que a população boliviana é, em geral, mais pobre.
A redução dos resultados obtidos nos períodos anteriores foi sendo compensada pela contração da economia, associada ao crescimento da informalidade e da inflação.
Uma pesquisa da Fundação Jubileu da Bolívia indica que a pobreza atingiria 44% se o aumento do custo de vida fosse levado em conta, um valor superior à estimativa do governo (36%).
“Eu diria que estamos à beira de iniciar um processo hiperinflacionário”, declara Pacheco, já que o governo busca estabilizar a economia através da emissão de moeda local. Entre 2023 e 2024, a massa monetária em circulação cresceu 20%.
O especialista defende que são necessárias ações radicais para controlar a crise, incluindo uma alteração na política de incentivos e o encerramento das empresas estatais com prejuízo.
Acredito que se inicia um momento, na linha de Churchill, de luta, esforço e provações. É necessário concentrar nossos recursos, afirma.
Fonte por: Carta Capital
Autor(a):
Redação Clique Fatos
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