A expectativa para quem passa por um transplante capilar é solucionar de maneira duradoura a queda de cabelo. Contudo, na prática, frequentemente não se alcança o resultado esperado com apenas um procedimento cirúrgico. Em muitos casos, sobretudo quando a perda capilar é ampla ou o paciente ainda se encontra em uma fase ativa da calvície, pode ser necessário e esperado realizar mais de um procedimento.
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A avaliação de um novo transplante capilar considera aspectos como o avanço da alopecia androgenética, a aderência ao tratamento médico e o interesse do paciente em aumentar a densidade ou cobrir outras áreas, como barba e sobrancelhas.
Perda capilar extensa ou em progresso eleva a probabilidade de nova cirurgia.
Maryanah Lima, médica especialista em transplante capilar e tricologia, indica que casos de calvície em estágio avançado (nível 5 ou superior) geralmente necessitam de duas ou mais fases para alcançar um resultado satisfatório. “É como pintar um quadro grande com pincel pequeno. A densidade ideal só é possível com mais de uma abordagem, sempre respeitando os limites biológicos e a naturalidade”, afirma.
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Ademais, ela enfatiza que a alopecia androgenética é uma condição genética e progressiva. O transplante altera a distribuição dos fios, porém não impede a ação dos hormônios responsáveis pela queda capilar. “Os fios não transplantados continuam caindo se o tratamento clínico não for mantido. Por conseguinte, o acompanhamento médico é essencial mesmo após a cirurgia”, afirma.
Luciana Ribeiro Patrício Linhares, dermatologista da Associação Brasileira de Cirurgia de Restauração Capilar, afirma que pacientes muito jovens estão entre os que mais necessitam de novos procedimentos. “A calvície pode evoluir com o tempo. Quando o transplante é feito cedo demais e sem orientação para manter o uso contínuo de medicamentos, aumenta o risco de precisar de retratamentos”, explica.
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Intervalo entre procedimentos e utilização da área doadora.
Um segundo transplante capilar só deve ser avaliado após a totalização da cicatrização e do tempo de consolidação do primeiro. As médicas recomendam um intervalo mínimo de 12 a 18 meses para reavaliar a mesma área. Quando a cirurgia for em uma região distinta, como entradas na primeira vez e coroa na segunda, esse período pode ser reduzido, em torno de 6 meses.
A zona doadora, tipicamente a parte de trás e as laterais do couro cabeludo, é restrita e não se regenera. Assim, necessita ser manejada com cuidado. “É um recurso limitado e precioso. Cada remoção demanda estratégia e habilidade. Um deslize inadequado pode prejudicar intervenções futuras”, acrescenta Lima.
Quando a área doadora do couro cabeludo já foi utilizada em sua totalidade, outros locais do corpo, como barba ou tórax, podem ser fontes alternativas de fios, embora apresentem características distintas. “Esses fios podem ser utilizados em áreas menos críticas ou para aumentar a densidade quando necessário”, explica Linhares.
O tratamento clínico contínuo é uma parte essencial do processo.
As duas especialistas enfatizam que a cirurgia não é uma cura, sendo apenas uma fase em um tratamento contínuo. O emprego de medicamentos que diminuem a queda dos cabelos, como finasterida e minoxidil, é essencial para preservar os resultados do transplante e prevenir novas perdas.
O principal motivo de retratamentos é a não adesão ao tratamento clínico. A calvície continua evoluindo se não for tratada corretamente, afirma Linhares. Tratar cabelo é como treinar um músculo. O segredo está na constância, complementa Lima.
Também ressalta o papel do estilo de vida na saúde capilar. Elementos como o estresse, o sono e a alimentação impactam diretamente a qualidade dos cabelos. “Além dos medicamentos, aplicamos procedimentos regenerativos com ativos com base científica, como fatores de crescimento, exossomos e lasers. Eles atuam diretamente na raiz dos fios e em suas estruturas”, afirma.
Correções de falhas também motivam novos transplantes.
Outra razão para novas cirurgias é a correção de transplantes mal executados. Quando a linha de implante dos fios está irregular ou os fios foram posicionados de maneira antinatural, pode ser necessário refazer o procedimento. “Infelizmente, nem sempre é possível corrigir. Se a área doadora já foi muito explorada, o paciente pode ficar sem margem para novas cirurgias”, alerta Linhares.
A seleção do profissional é crucial. O transplante capilar é um procedimento cirúrgico, que demanda treinamento e percepção estética apurada. “É um remanejamento de fios. Não há regeneração. Por isso, cada extração tem que ser pensada com cuidado para manter o resultado e a viabilidade de novas intervenções, se forem necessárias”.
Finalmente, as especialistas enfatizam que nem toda solicitação estética justifica uma nova cirurgia. A decisão deve considerar o estado clínico e psicológico do paciente. “Às vezes, o desejo por mais volume reflete uma insatisfação pessoal que precisa ser abordada com responsabilidade”, afirma Lima. O procedimento pode ser uma ferramenta de autoestima, mas deve ser realizado com cautela.
Com um bom planejamento, adesão ao tratamento clínico e acompanhamento médico adequado, é possível obter resultados duradouros, frequentemente com apenas uma cirurgia, conforme as médicas.
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Fonte por: CNN Brasil