Relatório elaborado em parceria com a UNICEF aponta para desigualdades sociais contínuas, sobretudo em áreas vulneráveis.
Cerca de 2,1 bilhões de pessoas em todo o mundo ainda não têm acesso à água potável, saneamento e higiene, colocando-as em risco de doenças e exclusão social. O dado é de relatório divulgado nesta terça-feira (26) pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
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O documento aponta que, apesar dos avanços recentes, ainda existem enormes deficiências no acesso à água em escala global, sobretudo entre indivíduos residentes em países de baixa renda, comunidades rurais, crianças e grupos étnicos e indígenas minoritários. Destes, 106 milhões de pessoas consomem água diretamente de fontes superficiais não tratadas.
Ademais, o documento aponta que 3,4 bilhões de pessoas ainda não dispõem de saneamento gerenciado com segurança, incluindo 354 milhões que exercem a defecação a céu aberto. Também há 1,7 bilhão de pessoas que carecem de serviços básicos de higiene em domicílios, incluindo 611 milhões sem acesso a instalações sanitárias.
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Apesar de avanços para moradores de áreas rurais, essa população permanece em desvantagem. O acesso à água potável segura subiu de 50% para 60% entre 2015 e 2024, e o acesso à higiene básica saltou de 52% para 71%. Em contrapartida, a disponibilidade de água potável e higiene nas áreas urbanas não apresentou evolução.
A água, o saneamento e a higiene não são privilégios, são direitos humanos básicos, afirma Ruediger Krech, diretor interino de Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Saúde da Organização Mundial da Saúde. “Devemos acelerar a ação, especialmente para as comunidades mais marginalizadas, se quisermos manter nossa promessa de alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.”
Outro ponto relevante do relatório da OMS trata da dignidade menstrual. Dados de 70 países indicam que, apesar de a maioria das mulheres e adolescentes possuir materiais menstruais e um espaço privado para troca, muitas não têm acesso a produtos absorventes suficientes para realizar a troca com a frequência necessária, o que eleva o risco de infecções.
Ademais, a pesquisa indica que adolescentes do sexo feminino com idades entre 15 e 19 anos apresentam menor probabilidade do que mulheres adultas de se envolverem em atividades durante o período menstrual, tais como estudo, trabalho e atividades sociais de lazer.
A questão já era identificada pela Unicef e denominada de “pobreza menstrual”. A situação é marcada pela ausência de acesso a recursos, infraestrutura e até mesmo conhecimento por parte das mulheres em relação aos cuidados com o próprio ciclo menstrual. No Brasil, estima-se que uma em cada quatro alunas deixe os estudos durante o período menstrual.
Quando crianças não têm acesso à água potável, saneamento e higiene, sua saúde, educação e futuro são colocados em risco, afirma Cecilia Scharp, diretora de Água, Saneamento e Higiene do Unicef. Essas desigualdades são especialmente gritantes para as meninas, que muitas vezes carregam o fardo da coleta de água e enfrentem barreiras adicionais durante a menstruação. No ritmo atual, a promessa de água potável e saneamento para todas as crianças está cada vez mais distante de alcance, lembrando-nos que devemos agir com mais rapidez e ousadia para alcançar aqueles que mais precisam.
A OMS declara que, para atingir as metas de 2030 de erradicação da defecação a céu aberto e do acesso universal a serviços básicos de água, saneamento e higiene, será imprescindível uma aceleração, embora a cobertura universal de serviços gerenciados com segurança pareça cada vez mais inatingível.
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Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Com uma carreira que começou como stylist, Sofia Martins traz uma perspectiva única para a cobertura de moda. Seus textos combinam análise de tendências, dicas práticas e reflexões sobre a relação entre estilo e sociedade contemporânea.