A segunda parcela do décimo terceiro salário injetará R$ 131,8 bilhões na economia brasileira até 19 de dezembro, mas 35% será para quitar dívidas.
A segunda parcela do décimo terceiro salário, que deve ser paga até esta sexta-feira (19), injetará R$ 131,8 bilhões na economia do Brasil em dezembro, conforme dados da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo). Em comparação com dezembro do ano anterior, houve um aumento nominal de 5,7% no valor aplicado na economia, além de um crescimento real de 0,7%, descontando a inflação do período.
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Por quinto ano consecutivo, a principal destinação do 13º salário será a quitação de dívidas. Em 2025, 35% da segunda parcela, o que equivale a R$ 45,8 bilhões, será utilizado para regularizar esses débitos. Os valores destinados ao pagamento de dívidas superam os gastos no comércio, que devem totalizar R$ 36,5 bilhões, e em serviços, com R$ 33,8 bilhões.
A poupança deve absorver R$ 15,7 bilhões.
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Embora a maior parte dos recursos do 13º salário seja direcionada ao pagamento de dívidas, o comércio ainda se beneficia da gratificação, embora de maneira limitada, segundo a CNC. Historicamente, dezembro registra um aumento médio de 25% nas vendas em relação a novembro, com impacto mais significativo em setores como vestuário, calçados, livrarias e lojas de utilidades domésticas.
Para 2025, a entidade projeta um crescimento de 2,1% nas vendas de Natal em volume, já descontada a inflação. Esse resultado indica um desempenho positivo, mas moderado, em função das restrições financeiras enfrentadas pelas famílias.
A CNC ressalta que a predominância do uso do 13º salário para quitar dívidas está diretamente ligada ao alto nível de comprometimento da renda no Brasil. Ao final de 2025, estima-se que 30,9% da renda média das famílias estará comprometida com dívidas, um patamar historicamente elevado e em tendência de crescimento.
Dados do Banco Central indicam que essa pressão deve continuar, pelo menos, até o início de 2026. A CNC calcula que cada aumento de um ponto percentual no comprometimento da renda reduz em 1,1% a propensão marginal ao consumo. Além disso, o custo do crédito permanece como um fator restritivo, com a taxa média de juros das operações com recursos livres para pessoas físicas alcançando 58,7% ao ano, o maior nível dos últimos oito anos.
A inadimplência nessas operações atingiu 5,6% da carteira, o maior patamar em 13 anos. Mesmo com um mercado de trabalho mais favorável, o elevado nível de endividamento e o custo do crédito limitam a capacidade das famílias de converter o 13º salário em consumo.
O recurso ajuda a organizar as finanças, mas o impacto nas vendas tende a ser mais contido, afirma o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes.
Conforme a Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), da CNC, 79,2% das famílias brasileiras estão endividadas, o maior nível desde o início da série histórica em 2010. Além disso, 30% das famílias possuem dívidas em atraso, o segundo maior percentual já registrado para este período do ano.
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Com formação em Jornalismo e especialização em Saúde Pública, Lara Campos é a voz por trás de matérias que descomplicam temas médicos e promovem o bem-estar. Ela colabora com especialistas para garantir informações confiáveis e práticas para os leitores.