Schwartsman: tarifas são “presente” a Lula e criam inimigo para presidente

Antigo Banco Central identifica possível efeito sobre a economia, o que possibilitará ao governo “assumir o papel de vítima”.

09/07/2025 20:49

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Schwartsman: tarifas são “presente” a Lula e criam inimigo para presidente
(Imagem de reprodução da internet).

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em aplicar uma tarifa de 50% sobre o Brasil “não tem nenhuma base econômica”, afirmou à CNN o ex-diretor do BC (Banco Central) para Assuntos Internacionais, Alexandre Schwartsman. De cunho político, a medida pode acabar sendo um trunfo para o governo Lula, segundo o economista.

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É um presente para a atual administração. Da mesma forma que tentavam pintar o Congresso como inimigo do povo, agora se consegue mais um inimigo comum, no caso, o grande irmão do norte, o que politicamente é muito conveniente para o atual governo.

Em carta publicada nesta quarta-feira (9) na rede Truth Social, endereçada ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Trump anunciou que a nova tarifa, que entrará em vigor no dia 1º de agosto, se deve, em parte, à postura do STF (Supremo Tribunal Federal) com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do governo federal no que tange à regulamentação das redes sociais e das big techs.

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Isso concede ao governo a chance de apresentar adequadamente, no caso, essas medidas como uma ação política e, fundamentalmente, desempenhar o papel de vítima.

Schwartzman considera inclusive que o governo poderá transferir a responsabilidade por uma eventual desaceleração econômica do Brasil para os Estados Unidos. O economista acredita que a tarifa poderá ser sentida, principalmente, pelo setor manufatureiro brasileiro.

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Além de empregar as taxas de importação como instrumento de negociação política – como fez com México, Canadá e China –, Trump afirma estar buscando ajustar as relações comerciais desequilibradas que o país mantém com seus parceiros comerciais.

Entretanto, o déficit comercial é negativo para o Brasil. De janeiro a junho deste ano, os EUA já acumulam um ganho de US$ 1,675 bilhão em relação aos brasileiros. Nesse sentido, Schwartsman considera a abordagem do republicano como “bastante simplista”.

Não foi por isso que ele tomou essa medida, também em parte por toda essa questão do Bolsonaro, mas acho que em parte é pelo alinhamento com o BRICS, que ele acredita que estão conspirando para erodir o valor do dólar. Eu diria que talvez seja até verdade, mas ninguém é melhor em erodir o valor do dólar que o próprio Trump.

O presidente dos EUA já havia indicado a intenção de aplicar tarifas contra países que se associassem ao grupo de emergentes e adotassem medidas consideradas “antiamericanas” por eles.

Schwartsmann aponta que a medida de Trump, em certa extensão, simplifica o trabalho do Banco Central na tentativa de controlar a inflação do país.

A medida que contribui para reduzir a atividade, embora não seja significativo. Assim, auxilia o Banco Central, mas não de forma muito expressiva. Não vislumbro que isso justifique uma mudança de perspectiva e a promoção de um novo aumento da Selic, tampouco vejo um corte na Selic por causa disso, pelo menos não agora. O que parece ser mais relevante é o impacto político dessa situação, concluiu.

Nova abertura comercial pode diminuir os efeitos das tarifas americanas no Brasil? Compreenda.

Fonte por: CNN Brasil

Autor(a):

Ex-jogador de futebol profissional, Pedro Santana trocou os campos pela redação. Hoje, ele escreve análises detalhadas e bastidores de esportes, com um olhar único de quem já viveu o outro lado. Seus textos envolvem os leitores e criam discussões apaixonadas entre fãs.