Sabesp conquista prêmio com estratégia e investimento de R$ 70 bilhões
Sabesp acelera transformação e mira R$ 70 bilhões em investimentos nos próximos 5 anos, buscando novos avanços.
Sabesp: Uma Jornada de Transformação e Universalização
Carlos Piani, CEO da Sabesp e ex-lutador de judô, descreve seu trabalho como “difícil, mal tenho tempo”, quando questionado sobre hobbies, mesmo liderando a maior companhia de saneamento do Brasil. Com mais de 20 anos de experiência multidisciplinar, Piani mantém a resiliência e a perseverança, pilares do judô, que pregam que o lutador deve aprender a se levantar mais forte após cada desafio.
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“Parte do meu interesse pessoal em estar aqui é usar tudo o que aprendi. Para aproveitar as coisas boas e evitar os erros do passado. Erros acontecem, infelizmente. Mas devemos usar cada experiência para sermos o mais eficaz possível nesta jornada”, afirma Piani. O desafio na nova empresa privada é tão complexo quanto um bom Ippon no judô. A meta é executar um plano ousado de 70 bilhões de reais para alcançar a universalização do saneamento até 2029 – uma empreitada inédita em larga escala e com prazos tão apertados por qualquer outra empresa brasileira. Paralelamente, Piani promove uma mudança cultural dentro da empresa, que esteve sob gestão estatal por 51 anos, até se tornar privada em julho de 2024.
O governo de São Paulo vendeu 32% das ações da Sabesp por R$14,8 bilhões, com 15% do valor destinado a Equatorial, o principal acionista, e 17% a investidores acionistas. O foco é na eficiência e nos retornos para a sociedade e os acionistas. O CEO vê a singularidade de seu trabalho como combustível para continuar avançando. “Estou satisfeito e animado, apesar do desafio hercúleo, para alcançar a universalização em São Paulo e fazer da Sabesp uma das maiores empresas do mundo”, diz Piani. Essa iniciativa já está gerando resultados positivos.
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Piani assumiu em outubro de 2024, após deixar o conselho executivo da Equatorial. Desde o início, ele acelerou um processo que começou no ano anterior, proposto pelo seu predecessor, André Salcedo: transformar a Sabesp em uma única empresa. A empresa operava em um modelo de agências regionais com autonomia para implementar diferentes processos e técnicas. “Na época, a Sabesp estatal era como uma holding de várias pequenas empresas”, afirma – um sinal de falta de padronização e, muitas vezes, de ineficiência.
A reorganização institucional ocorreu em 2023, com a criação de diretórios, adotando um modelo mais próximo ao de uma empresa privada, que já visava se tornar privada no início do governo Tarcísio de Freitas.
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No entanto, não houve tempo para essa mudança alcançar o centro das operações, o hub de saneamento básico. Um problema que foi rapidamente resolvido em outubro do ano passado, resultando em maior eficiência. “Em alguns lugares [padronização da área técnica] pode reduzir custos, e em outros, aumentá-los. Mas a padronização trará maior eficiência geral”, declara Piani.
Adicionalmente, a empresa revisou práticas desatualizadas que não eram mais exigidas do ponto de vista regulatório e, na visão da administração atual, não tinham conexão lógica com os resultados financeiros.
Uma delas era o desconto nas tarifas para grandes clientes, como shoppings e indústrias. Era um valor superior a R$800 milhões por ano que geraria perdas de receita.
O marco regulatório é monitorado anualmente. Para o período acumulado de 2024 e 2025, a boa notícia é que a meta de conexão de residências à rede de abastecimento de água já foi superada.
O principal desafio reside na coleta e tratamento de esgoto, cujos objetivos só devem ser alcançados até o final deste ano. “O caminho é crítico na região metropolitana, devido à complexidade da urbanização”, diz o executivo. Aproximadamente 20% da população do estado não tem acesso ao tratamento de esgoto. O desafio é ainda maior devido à inclusão de 1 milhão de residências informais e rurais, que não estavam incluídas no contrato antes da privatização.
O progresso envolve o aumento da capacidade de estações de tratamento, como a de Barueri, a maior da América do Sul, equivalente em tamanho a 80 campos de futebol e responsável por tratar 60% do esgoto do Grande São Paulo.
A ideia é aumentar sua capacidade em quase 75%, para 20 metros cúbicos de resíduos tratados por segundo. “São projetos de dois a três anos. Para alcançar a cobertura universal, precisamos começar agora”, diz Piani. Todo esse esforço, além de agradar os acionistas, tem um impacto direto na sociedade.
Com um peso de 30% na metodologia de classificação EXAME MELHORES E MAIORES 2025, ESG é intrínseco ao DNA de uma empresa de saneamento.
“Além de trazer investimento e desenvolvimento, o saneamento traz saúde e dignidade e reduz a desigualdade de renda”, diz o CEO. Dados do Instituto Trata Brasil indicam que a falta de saneamento reduz a renda das futuras gerações em 46%. No entanto, estimativas sugerem que alcançar o acesso universal até 2040 resultaria em um ganho de R$22 bilhões por ano para a economia brasileira. “Se entregarmos resultados com propósito, será um caso muito diferente para o Brasil. Gerando valor para os acionistas, mas entregando propósito e bem-estar à população. Essa é a nossa missão”, diz Piani.
Além da meta, a Sabesp vê inúmeras oportunidades. Em um evento na B3, que marcou o fim do processo de privatização em junho do ano passado, o governador Tarcísio de Freitas afirmou que a empresa estava pronta para decolar e se tornar a maior do mundo.
Piani compartilha dessa convicção. O CEO aposta na adoção massiva de tecnologia na operação para trazer mais eficiência. Por isso, ele unificou os departamentos de atendimento ao cliente, tecnologia e inovação em um único departamento.
Um exemplo foi a compra de 4 milhões de hidrômetros inteligentes da empresa de telecomunicações Vivo, em um investimento de R$3,8 bilhões, o maior projeto de medição inovadora em andamento no mercado global de saneamento.
A tecnologia ultrassônica fornece dados em tempo real, permitindo respostas mais rápidas em caso de vazamentos e outros incidentes. “Se somos mais eficientes, as tarifas podem ser mais prudentes e justas. Parte do desafio de produtividade do Brasil também envolve os serviços públicos. E nós faremos a nossa parte”, diz o CEO.
O plano de expansão também inclui a participação em leilões de saneamento em todo o país. Estão previstas seis leilões para 2025, com investimentos estimados superiores a R$50 bilhões.
O foco principal da Sabesp é nas 218 cidades do estado de São Paulo que não são atendidas pela empresa, com investimentos estimados de R$20 bilhões ao longo do contrato.
“Estamos olhando para todas as oportunidades”, diz Piani. Para ele, a probabilidade de uma transação ocorrer hoje é menor do que será em cinco anos, quando o desafio da universalização estará completo. No entanto, ele diz que não se trata de “se” ou “quando” a Sabesp participará de leilões. “Seja aqui no estado de São Paulo ou até mesmo fora, a Sabesp fará parte dessa história quando a oportunidade estiver alinhada com o nosso tempo”, diz o CEO. O Brasil estará de olho.
Autor(a):
Ana Carolina Braga
Ana Carolina é engenheira de software e jornalista especializada em tecnologia. Ela traduz conceitos complexos em conteúdos acessíveis e instigantes. Ana também cobre tendências em startups, inteligência artificial e segurança cibernética, unindo seu amor pela escrita e pelo mundo digital.












