A Rússia e seu principal aliado, Bielorrússia, realizaram exercícios militares conjuntos nesta sexta-feira 12, com a atenção da Otan, após a Polônia acusar Moscou de intensificar as tensões devido à incursão de drones em seu território aéreo.

Os exercícios, conhecidos como “Zapad”, acontecem a cada quatro anos e se estenderão até terça-feira. As atividades deste ano coincidem com o avanço de Moscou na Ucrânia, com aumento dos ataques aéreos.

A Rússia informou ter abatido 221 drones ucranianos durante a noite, em um dos maiores ataques a Kiev registrados desde o início do conflito, ocorrido em fevereiro de 2022.

As manobras estratégicas conjuntas das forças armadas russas e bielorrussas iniciaram, declarou o Ministério da Defesa russo em comunicado. Em seguida, foi divulgado um vídeo com veículos blindados, helicópteros e navios em operação.

Manobras militares serão conduzidas perto de Borisov, a leste de Minsk, capital da Bielorrússia. O Ministério do Exército russo detalhou que parte das atividades práticas será realizada na Rússia, no Mar de Barents e no Mar Báltico.

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A execução dessas manobras suscita preocupações no flanco leste da OTAN, ainda que a Aliança tenha afirmado, nesta sexta-feira, que não identifica uma ameaça militar imediata contra seus membros.

Polônia, Lituânia e Letônia, todos da Otan e vizinhos da Bielorrússia, mantêm-se em estado de atenção.

O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, alertou sobre “dias críticos” para seu país, e Varsóvia ordenou o fechamento total de sua fronteira com a Bielorrússia até que as manobras sejam finalizadas. Lituânia e Letônia, por sua vez, anunciaram o fechamento parcial de seus espaços aéreos.

O ministro das Relações Exteriores da Bielorrússia, Maxim Ryzhenkov, reagiu afirmando que “o que a Polônia está fazendo hoje é principalmente contra si mesma”, e Moscou pediu a Varsóvia que “reconsiderasse a decisão [de fechar a fronteira] o mais rápido possível”.

As tensões com Moscou atingiram o ponto máximo com a incursão de aproximadamente 20 drones no espaço aéreo polonês na quarta-feira, levando à mobilização das defesas aéreas da Otan. Varsóvia avaliou o incidente como uma ação intencional, o que Moscou negou.

Exercícios Zapad 2023

Os exercícios Zapad ocorrem habitualmente a cada quatro anos, e estes de 2023 são os primeiros desde o início do conflito na Ucrânia. O anterior, realizado em 2021, envolveu aproximadamente 200 mil soldados russos, poucos meses antes do início da invasão na ex-república soviética.

Prevê-se que os exercícios deste ano sejam bastante reduzidos, considerando a mobilização de centenas de milhares de soldados russos na Ucrânia.

A Bielorrússia anunciou em janeiro que 13 mil soldados participariam dos exercícios, porém em maio informou que o número seria diminuído pela metade.

O vice-ministro da Defesa polonês, Cezary Tomczyk, estima que aproximadamente 40 mil soldados estejam posicionados na fronteira com a Rússia e a Bielorrússia.

Tusk defende simular a ocupação do corredor de Suwalki, uma faixa que liga Polônia e Lituânia, com o enclave russo de Kaliningrado a oeste e a Bielorrússia a leste.

O corredor é frequentemente visto como uma vulnerabilidade da OTAN, podendo ser o primeiro alvo de um ataque russo.

O presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, respondeu: “É um absurdo absoluto”.

Ademais, a utilização de armas nucleares táticas russas na Bielorrússia conferiu uma nova dimensão aos exercícios. Minsk declarou, em agosto, que os exercícios incluiriam o novo míssil experimental russo, denominado Oreshnik.

Fonte por: Carta Capital