Robô da China domina o jogo de dados; será que também aprenderá a lavar a louça?
O AlphaBot 2 apresenta habilidade para interpretar comandos e interagir com o ambiente, indicando o desenvolvimento futuro de robôs humanoides dotados d…

O AlphaBot 2 busca vencer em seu próprio jogo. Ao ser questionado sobre jogar dados, ele interpreta a pergunta e age, pressionando o botão de um lançador automático. Ele pode até responder à pontuação do oponente com um polegar para cima, caso vença.
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O robô humanoide, desenvolvido pela AI² Robotics, com sede em Shenzhen, China, exibiu suas capacidades na Beyond Expo, na região administrativa especial de Macau, onde interativo com os participantes da conferência de tecnologia, incluindo jornalistas da CNN.
A habilidade do robô de compreender comandos foi viabilizada pela inteligência artificial embutida – a integração de sistemas de IA em entidades físicas – permitindo que ele interaja e aprenda com o ambiente circundante.
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“Na última era dos robôs, as pessoas precisavam programá-los para dizer o que fazer”, declarou Yandong Guo, CEO da AI² Robotics, em declaração à correspondente da CNN Kristie Lu Stout durante a conferência. “Agora você apenas diz o que fazer, e o robô pode entender o ambiente.”
Guo acrescenta que o robô levou apenas alguns minutos para aprender a jogar. “Nós apenas demonstramos ao robô o que fazer, talvez cinco a dez exemplos, e o robô consegue aprender.”
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À medida que chatbots de IA como o ChatGPT se tornaram comuns, muitos especialistas acreditam que a IA integrada é a próxima grande tendência no campo.
Empresas em todo o mundo estão desenvolvendo robôs humanoides com IA, como Tesla e Figure AI, sediada na Califórnia, que conta com grandes empresas de tecnologia como Microsoft e Nvidia entre seus investidores.
A inteligência artificial integrada está recebendo forte apoio governamental na China, abrangendo investimentos, hubs de inovação e até uma escola de robótica. A cidade de Shenzhen é a única que concentra mais de 200 empresas dedicadas a essa tecnologia, de acordo com a mídia local.
O governo considera a tecnologia um fator promissor para o desenvolvimento econômico, e nos últimos anos, robôs nacionais despertaram interesse devido às suas capacidades, que abrangem desde realizar chutes rotativos até completar uma maratona (apesar de não com grande velocidade).
Robôs mordomos
Atualmente, robôs já são utilizados globalmente em ambientes industriais, como fábricas de automóveis. Muitos robôs são programados para completar tarefas rotineiras, mas as coisas estão mudando em direção ao uso da IA incorporada, diz Harry Yang, professor assistente da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong. “À medida que as tarefas se tornam mais complexas, você precisa que os robôs vejam, entendam e ajam com base em diferentes situações”, afirma.
O AlphaBot 2 – que conta com o modelo de IA integrado desenvolvido pela própria AI² Robotics – já atende clientes em setores industriais, biotecnologia e serviços públicos, conforme a empresa.
Em uma fábrica operada pela montadora Dongfeng Liuzhou Motor Co., realiza operações de carga e descarga de materiais, reboca de carrinhos e fixação de etiquetas em para-brisas.
Atualmente, a maioria dos robôs não possui a capacidade tecnológica para ser útil em uma residência. A UBTech Robotics, listada em Hong Kong, pretende lançar um robô doméstico companheiro de US$ 20.000 (mais de R$ 100.000, segundo a cotação atual) este ano, conforme divulgado pela Bloomberg, mas a empresa afirmou que a tecnologia ainda está distante de poder auxiliar em tarefas domésticas e cuidar de pessoas.
Especialistas afirmam que a dificuldade em obter dados de treinamento suficientes para replicar os diversos ambientes domésticos em que as pessoas vivem é a razão principal. O Morgan Stanley estima que 80 milhões de humanoides serão utilizados em residências até 2050, à medida que a tecnologia progride.
Ele já está imaginando como seus robôs podem auxiliar os consumidores. “Se você quiser beber um chá”, diz ele, “o robô pode saber onde pegar o saquinho de chá, onde conseguir água quente e como despejar a água quente na xícara e fazer o chá para você.”
“Após comermos, espero que nosso robô possa limpar todos os pratos para nós. Adoramos cozinhar, mas não gostamos de lavar a louça”, acrescentou Guo.
um robô para cada família
A realidade que Guo visualiza ainda se encontra distante. Os valores necessitam diminuir. A AI² não desejou divulgar o preço de seus humanoides, alegando que seus robôs são personalizados de acordo com as necessidades do cliente, portanto não há um custo fixo. Humanoides produzidos por outras empresas na China custam quase US$ 15.000 (mais de R$ 8.000) e, em cinco anos, o preço de um humanóide AI² poderia atingir o valor de um automóvel básico acessível a uma família de classe média, afirma um porta-voz.
“O desafio reside no alto custo envolvido”, afirma Yang. “Talvez seja mais vantajoso contratar alguém para trabalhar em sua casa, sendo uma opção mais econômica e simples.”
A segurança representa outra preocupação relevante; um robô caindo sobre uma pessoa pode provocar lesões. Especialistas também levantaram questões sobre os riscos à privacidade de um robô doméstico que coleta informações das pessoas por meio de câmeras e microfones.
Guo afirma que os consumidores chineses apresentam uma certa apreensão em relação ao uso de robôs humanoides, e a empresa considera a segurança e a privacidade ao desenvolver seus produtos, mas acrescenta: “Você ficaria surpreso em ver quantos clientes na China estão dispostos a ter robôs.”
É provável que demore de cinco a dez anos para que robôs humanoides possam ser realmente úteis em residências.
A AI² Robotics declara que seus robôs serão lançados em aeroportos de grandes cidades chinesas para atividades como a organização de esteiras de bagagem para viajantes. Em três a cinco anos, poderão estar prontos para instalações geriátricas, segundo a empresa.
Os robôs estarão aprendendo ao longo do tempo. “Precisamos coletar muitos dados para que o robô aprenda, a fim de desenvolver esse tipo de senso comum”, afirma ele.
Isso poderia auxiliar a empresa a alcançar seu objetivo. “Nosso sonho é ter um robô para cada família”, afirma.
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Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Ricardo Tavares
Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.