Rio Amazonas é o segundo mais poluído por plástico no mundo, aponta pesquisa
Estudo da Fiocruz demonstra que a poluição ameaça a saúde de populações ribeirinhas e indígenas.
A Amazônia enfrenta um grande problema de contaminação por plástico, conforme estudo da Fiocruz, em colaboração com o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. Cientistas apontam os perigos à saúde das populações locais.
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A Amazônia apresenta a segunda maior concentração de plástico nos rios do mundo e abriga a maior bacia hidrográfica do planeta, conforme apontado pela bióloga e colaboradora da Fiocruz Jéssica Melo, autora do primeiro comprehensive e structured scoping review” publicado na revista AMBIO.
O estudo demonstra como a poluição plástica impacta diferentes aspectos da Amazônia, incluindo a fauna, a flora, os sedimentos e a água, bem como as comunidades locais. “A contaminação de fontes de alimento e de água representa um sério risco para a saúde das populações tradicionais”, declara a bióloga.
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As comunidades ribeirinhas enfrentam diversos riscos.
Estudos indicam que as comunidades da Amazônia estão expostas diariamente a grandes quantidades de lixo, provenientes do descarte de moradores de diversas cidades e de embarcações.
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As populações ribeirinhas contribuem para o descarte inadequado de resíduos, em virtude da ausência de infraestrutura de coleta, sobretudo nas localidades remotas, e do aumento do consumo e variedade de materiais plásticos.
Pesquisadores do Instituto Mamirauá, que atuam em Tefé, no interior do Amazonas, e colaboram com comunidades ribeirinhas, relatam que, anteriormente, os resíduos eram predominantemente orgânicos ou biodegradáveis – como cascas de frutas e espinhas de peixe –, mas atualmente observam garrafas PET e pacotes de macarrão instantâneo flutuando nos rios, com frequência.
É também destacado a ausência de políticas públicas voltadas a restringir o emprego de plásticos. “Embora cidades como Rio de Janeiro e Salvador estejam implementando proibições de certos produtos de petróleo, como canudos e embalagens de isopor, não há municípios no interior do Amazonas que possuam programas de reciclagem de plásticos ou ações para diminuir seu impacto”, relatam os pesquisadores.
COP30 e dimensão do impacto
A influência desse incremento de resíduos e plástico ainda é subestimada e poderá ser mais significativa do que se tem evidenciado, conforme avalia o epidemiologista da Fiocruz Amazônia, Jesem Orellana.
O pesquisador declarou que a revisão de 52 estudos, avaliados por especialistas, que abrangiam relatos sobre resíduos plásticos e fragmentos em ecossistemas terrestres e aquáticos da Amazônia, demonstra um impacto significativamente maior do que se costuma considerar.
Orellana argumenta que o estudo foi conduzido em resposta à urgência de abordar a questão da poluição por plástico na Amazônia, em vista da próxima COP30, a maior reunião mundial sobre mudanças climáticas, que ocorrerá em Belém, Pará, em novembro de 2025.
A data de 14 de agosto representou o prazo final sugerido pelas Nações Unidas para que aproximadamente 180 países finalizassem a criação do primeiro acordo global contra a poluição plástica. Assim, o momento se mostra adequado para debater os resultados interessantes desta revisão da literatura científica, a primeira a utilizar um protocolo sistemático (PRISMA-ScR) para avaliar a contaminação por plástico em ecossistemas amazônicos.
Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Ana Carolina Braga
Ana Carolina é engenheira de software e jornalista especializada em tecnologia. Ela traduz conceitos complexos em conteúdos acessíveis e instigantes. Ana também cobre tendências em startups, inteligência artificial e segurança cibernética, unindo seu amor pela escrita e pelo mundo digital.












