Resultado de Milei na Argentina é ‘vitória dos EUA sobre América Latina’, afirma professor

Gilberto Maringoni afirma que a eleição fortalece o poder do presidente argentino e intensifica a agenda neoliberal na Argentina.

27/10/2025 11:34

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(Imagem de reprodução da internet).

A vitória de Javier Milei e suas implicações

A recente vitória do partido do presidente Javier Milei nas eleições legislativas argentinas é considerada “realmente surpreendente” e simboliza “a vitória dos Estados Unidos sobre a América Latina”, segundo o professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC), Gilberto Maringoni. O resultado, que elevou de 35 para 101 as cadeiras do partido La Libertad Avanza na Câmara, teve o apoio direto do ex-presidente Donald Trump e indica um fortalecimento da ofensiva reacionária dos EUA na região.

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No dia 14, durante um encontro na Casa Branca, Trump declarou que “se ele [Milei] perder as eleições, não seremos generosos com a Argentina”. Além disso, o governo dos EUA autorizou a CIA a realizar operações secretas na Venezuela, intensificando a retórica bélica contra o país. Os EUA também cortaram subsídios à Colômbia, acusando o presidente Gustavo Petro de ser um “líder narcotraficante”. Recentemente, uma embarcação foi atacada, resultando na morte de três supostos rebeldes de um grupo guerrilheiro colombiano.

A influência de Trump na vitória de Milei

O professor observa que, apesar da crise gerada pelos cortes em saúde, educação e obras públicas, Milei conseguiu transformar a eleição parlamentar em um plebiscito sobre seu governo. “Ele apostou pesado, apresentando as eleições como um referendo sobre seu mandato”, explicou. “A situação na Argentina é complicada, com queda na qualidade de vida, aumento da miséria e repressão violenta a protestos”, completou.

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Fatores externos e a nova maioria no Congresso

Segundo Maringoni, a mudança nas urnas ocorreu em apenas 50 dias, impulsionada por fatores externos. “Nos últimos 20 dias, o Banco Central injetou US$ 3 bilhões para sustentar o peso, e o Tesouro Americano adicionou mais US$ 2 bilhões. Essa estabilização temporária, junto com o marketing do encontro com Trump, influenciou a decisão do eleitorado em favor de Milei”, analisou.

Com a maioria no Congresso, o presidente argentino terá liberdade para aprofundar o modelo neoliberal. “Agora, Milei tem as mãos livres para agir como quiser. Ele poderá retomar cortes que o Congresso havia bloqueado, como os de universidades e saúde infantil”, alertou. “A ofensiva reacionária americana deve ser observada com cautela”, finalizou.

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Gabriel é economista e jornalista, trazendo análises claras sobre mercados financeiros, empreendedorismo e políticas econômicas. Sua habilidade de prever tendências e explicar dados complexos o torna referência para quem busca entender o mundo dos negócios.