Resistência do setor agrícola europeu ameaça acordo Mercosul-União Europeia, com novas salvaguardas e possíveis adiamentos. Entenda os impactos!
As negociações para o acordo entre o Mercosul e a União Europeia estão enfrentando forte resistência do setor agrícola europeu, conforme afirmou Sueme Mori, diretora de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
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Em entrevista ao CNN Money, Mori destacou a intensa pressão do lobby agrícola na Europa, especialmente após os protestos que ocorreram no início do ano passado.
De acordo com a diretora, as salvaguardas recentemente aprovadas pelo Parlamento Europeu são consideradas medidas unilaterais e não fazem parte do texto do acordo que poderá ser assinado no dia 20 de dezembro. “Esse documento é uma regulamentação interna, ou seja, é uma medida unilateral da União Europeia em relação às salvaguardas”, explicou Mori, ressaltando que o texto do acordo foi finalizado em dezembro do ano anterior.
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As novas salvaguardas europeias incluem regras para investigações comerciais que, no caso das carnes, podem ser concluídas em um período de dois a quatro meses. Além disso, há restrições para produtos que aumentem suas exportações para a União Europeia acima de 8% em volume por três anos consecutivos. “Esse texto não faz parte do acordo que foi negociado.
Essa é uma medida unilateral da União Europeia, e isso é importante ressaltar”, enfatizou.
Apesar das controvérsias, Mori destacou que o acordo traria benefícios significativos para o agronegócio brasileiro, especialmente com a redução das tarifas de importação. “O Brasil e o Mercosul têm uma rede de acordos comerciais bastante limitada.
Apesar disso, o Brasil é o maior exportador líquido de alimentos do mundo”, afirmou.
A diretora ressaltou a competitividade e a globalização do agronegócio brasileiro, afirmando que a abertura comercial seria benéfica para o setor como um todo, mesmo reconhecendo a existência de setores sensíveis. “Estamos falando de 90% do que exportamos no comércio bilateral”, explicou, acrescentando que “poderia ser melhor, as cotas poderiam ser maiores, mas é o que foi possível negociar ao longo dos anos”.
Sobre a possibilidade de adiamento da assinatura do acordo, Mori mencionou a necessidade de entender os motivos por trás disso. “Vai ser adiado para reabrir o texto e tentar incluir novas demandas?”, questionou. Ela citou que alguns países europeus estão fazendo exigências específicas, como a Itália, que solicita um fundo de compensação para agricultores, e a França, que defende uma “cláusula espelho” para impor as mesmas regras de produção aos países do Mercosul.
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Ex-jogador de futebol profissional, Pedro Santana trocou os campos pela redação. Hoje, ele escreve análises detalhadas e bastidores de esportes, com um olhar único de quem já viveu o outro lado. Seus textos envolvem os leitores e criam discussões apaixonadas entre fãs.