Resgate e identificação dos corpos após o acidente envolvendo o voo da Voepass

Equipes técnicas lidaram com situações complexas assegurando a dignidade das vítimas e o acolhimento aos familiares.

05/08/2025 3:38

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Resgate e identificação dos corpos após o acidente envolvendo o voo da Voepass
(Imagem de reprodução da internet).

A queda do avião da Voepass em Vinhedo, no início da tarde de 9 de agosto de 2024, acionou equipes de emergência de todo o estado de São Paulo. Por trás da rápida atuação das autoridades, ocorreu uma operação complexa e delicada que envolveu bombeiros, Defesa Civil, IML e polícia científica – todos com o mesmo objetivo: garantir que as vítimas fossem identificadas com dignidade e que as famílias recebessem o mínimo de conforto em meio à dor.

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Em seis minutos, o Corpo de Bombeiros chegou ao local da queda. O trabalho de contenção do fogo foi decisivo: evitou uma tragédia ainda maior, reduziu a carbonização dos corpos e possibilitou uma identificação mais rápida das vítimas. “Quando os corpos não estão muito danificados, conseguimos aplicar métodos de identificação menos invasivos e mais rápidos, como o confronto odontológico e datiloscópico”, explicou o Dr. Paulo Tieppo, diretor do Núcleo de Antropologia Forense do IML.

A estrutura da resposta foi montada imediatamente. Ainda na sexta-feira, enquanto remanescentes humanos começavam a ser resgatados da Área atingida, o IML preparava o setor para receber as vítimas. “Foi uma operação delicada e precisa. Os corpos foram recolhidos pessoalmente por médicos legistas, embalados individualmente com vestes, documentos e pertences, o que agilizou o processo de identificação”, detalhou Tieppo.

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A situação era alarmante. Para o coronel Henguel Ricardo Pereira, secretário-chefe da Defesa Civil, o cenário evocava outros grandes desastres da história recente do país. “Tive a experiência de atuar também no acidente da TAM, em 2007. Apesar de estarmos acostumados à emergência, é impossível não se colocar no lugar das famílias”, declarou.

Ele afirmou que um dos papéis primordiais da Defesa Civil foi assegurar informações seguras e oferecer apoio aos familiares. “A dor é intensa e vem acompanhada da dúvida: será que era mesmo meu ente querido? Será que ele estava no voo? Será que sobreviveu? Nosso trabalho é tentar esclarecer, mas também acolher, com humanidade”, declarou.

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No Instituto Oscar Freire, da USP, foi estabelecida uma área para receber familiares – afastados do ambiente intenso do IML. Adicionalmente, uma ação inédita acelerou a liberação dos corpos: o cartório de Vinhedo se deslocou até São Paulo, possibilitando que os atestados de óbito fossem emitidos e registrados no local, sem a necessidade de deslocamento até o interior.

A advogada Bianca Faller lamenta a morte do tio, André Armindo Michel, um dos 62 falecidos na queda. Ele retornava de uma viagem a trabalho em Cascavel e teria uma conexão em Guarulhos para chegar a Florianópolis. “Era um dia comum para a família. Não tínhamos conhecimento do voo, mas jamais prevíamos que não o veríamos mais”, declarou.

A informação sobre o acidente foi transmitida através de um grupo de WhatsApp da família da cunhada, que reside em Cascavel. Contamos para a empresa, porém não obtivemos resposta imediata. A única informação que conseguimos, de maneira fria e objetiva, foi: “Sim, ele estava no voo” e nada mais.

O corpo de André foi identificado por impressão digital. Ainda assim, a incerteza dos primeiros dias foi angustiante. “É um martírio. Você sabe, mas não tem certeza. Espera por uma ligação, uma informação, qualquer coisa. É desesperador”, recorda Bianca, emocionada. O velório só aconteceu cinco dias após o acidente.

A família teve que organizar a logística do reconhecimento por conta própria. Dois parentes se deslocaram até São Paulo. “Meu tio foi um dos primeiros a ser reconhecido. Um familiar conseguiu vê-lo. Isso ajudou a dar alguma paz para minha tia e minha prima, de apenas 13 anos. Ela estava com a festinha de aniversário pronta. Virou luto”, disse.

Adriana Ibba é jornalista e mãe da pequena Liz, de apenas três anos, uma das vítimas. “Levei minha filha até o aeroporto acreditando que ela usaria o meio de transporte mais seguro do mundo. Nunca imaginei que aquele seria o último mês que a gente passaria juntas”, diz Adriana, emocionada. Ela foi uma das primeiras a chegar ao aeroporto, em busca da lista de passageiros. “Nesse momento, eu só queria saber onde minha filha estava. Se ela não estava no avião, onde ela estava? Foi desesperador.”

A médica legista Carla Abgussen esteve entre os primeiros profissionais a trabalhar diretamente com os corpos. “Conseguimos identificar que, pelo menos até metade da aeronave, as vítimas estavam preservadas, nas poltronas, com cintos de segurança afivelados e na posição de emergência para impacto”, explicou. Segundo ela, a rigidez dos corpos indica morte instantânea, mas também mostra que as vítimas estavam conscientes da queda.

Elas receberam instruções da tripulação para se posicionarem dessa maneira. Assim compreendemos que, sim, houve tempo para que percebessem o que estava ocorrendo. Para quem está dentro da aeronave, a queda é longa, ainda que pareça rápida para quem a observa de fora. Essa percepção da experiência é algo que as marcou profundamente.

Apesar do treinamento técnico e psicológico, os indivíduos não são imunes. “Você vê um brinquedo entre os destroços e não tem como não pensar em quem era aquela criança. Te marca para sempre”, afirmou.

O processo de identificação demandou, em total, sete dias. Em menos de uma semana, todas as vítimas foram examinadas e reconhecidas. Para o Dr. Tieppo, isso só foi possível graças à resposta coordenada e rápida atuação dos bombeiros. “O fogo foi controlado em minutos. Isso fez toda a diferença.”

Bianca concorda. A resposta das autoridades foi exemplar. O trabalho do Corpo de Bombeiros, da Defesa Civil, do IML… tudo funcionou de maneira mais eficiente do que em outros acidentes aéreos. Contudo, nada elimina a dor. A ausência persiste.

Um ano após o acidente, a memória da ocorrência ainda é vívida. Contudo, o trabalho realizado nos bastidores, por parte de profissionais que atuam cotidianamente com questões relacionadas ao fim da vida, foi fundamental para que famílias como a da Bianca pudessem, pelo menos, realizar o luto.

A terceira reportagem da série especial, exibida nesta quarta-feira (6), traz os detalhes da identificação dos corpos, as autorizações concedidas aos familiares, o início dos velórios e as primeiras informações sobre as investigações.

Fonte por: CNN Brasil

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