Remoção de obras de arte roubadas pelos nazistas é constatada na Argentina

A obra “Retrato de Dama”, de Giuseppe Ghislandi, foi removida de um colecionador judeu durante a Segunda Guerra Mundial e aparece em anúncios de uma cas…

27/08/2025 11:13

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Remoção de obras de arte roubadas pelos nazistas é constatada na Argentina
(Imagem de reprodução da internet).

Uma pintura do século 17, roubada pelos nazistas em Amsterdã durante a Segunda Guerra Mundial e que estava desaparecida há décadas, foi descoberta em uma casa na Argentina, pendurada sobre o sofá da sala de estar de uma das filhas de um ex-oficial nazista, informou o jornal holandês Algemeen Dagblad (AD), que localizou o quadro, na segunda-feira 25.

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Na terça-feira, 26, a polícia argentina efetuou uma invasão à residência, localizada na cidade litorânea de Mar del Plata, em âmbito de uma operação de busca pelo retrato que se presume ter sido roubado há 80 anos por um colecionador judeu.

A pintura *Retrato de Dama*, de Giuseppe Vittore Ghislandi (1655-1743), pertencia à coleção do comerciante judeu Jacques Goudstikker, que morreu em 1940 ao escapar dos nazistas. As mais de 1.100 peças da galeria em Amsterdã, incluindo obras de Rembrandt e Vermeer, foram adquiridas por valores muito inferiores ao valor real por altos membros do regime nazista, como Hermann Göring.

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O oficial nazista Friedrich Kadgien, próximo a Göring e membro da organização paramilitar nazista Schutzstaffel (SS), fugiu inicialmente para a Suíça e depois para a América do Sul, estabelecendo-se na Argentina e falecendo em 1978 em Buenos Aires. Documentos da época indicam que ele acumulou diamantes e obras de arte por meio de extorsão em Amsterdã.

O banco de dados oficial holandês de arte desaparecida na Segunda Guerra Mundial, gerenciado pela Agência do Patrimônio Cultural da Holanda, aponta *Retrato de Dama* como obra de Jacques Goudstikker, que antes da invasão nazista, em maio de 1940, detinha uma notável galeria em Amsterdã.

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O jornal AD buscou por anos contato com as filhas de Kadgien, que consistentemente se esquivavam de responder sobre o passado do pai. A obra foi localizada após uma das filhas vender sua propriedade para uma imobiliária argentina, e fotografias do interior revelaram a pintura na sala de estar.

Especialistas: não deve ser cópia.

Especialistas da Agência do Patrimônio Cultural da Holanda destacam que não há motivo para acreditar que seja uma cópia, visto que as medidas coincidem com as informações disponíveis em seus arquivos sobre essa obra, desaparecida desde 1946. Eles notaram que somente uma análise do verso poderia fornecer uma confirmação definitiva por meio das marcações ou etiquetas originais da pintura.

A imobiliária Robles Casas & Campos não forneceu posicionamento sobre o assunto. O anúncio da casa continuava disponível na noite de terça-feira, porém a imagem do anúncio havia sido retirada.

O promotor federal Carlos Martínez informou à agência de notícias Associated Press que a pintura não foi localizada na residência, mas que a polícia apreendeu outros objetos que podem ser úteis para a investigação, como armas e gravações. Ele declarou que os investigadores estão avaliando possíveis acusações de ocultação e contrabando.

Familiares disputam o patrimônio.

Os herdeiros de Goudstikker anunciaram que estão reivindicando a pintura. “Minha busca pelas obras do meu sogro começou no final da década de 1990 e não me abandonou até hoje”, disse Marei von Saher, de 81 anos. Em um caso histórico em 2006, o governo holandês concordou em devolver 202 pinturas saqueadas da coleção de Goudstikker a Von Saher após uma prolongada batalha judicial.

A recuperação da pintura, atualmente localizada, poderá se tornar um processo judicial extenso caso os proprietários atuais se recusem a entregá-la. “Pode ser uma história complexa”, enfatizam os herdeiros, que notificaram formalmente sua reivindicação após a publicação da reportagem do AD.

Adicionalmente, investigadores da Agência do Patrimônio Cultural da Holanda identificaram outra pintura nas redes sociais das filhas de Kadgien, que também está desaparecida: uma natureza-morta floral do artista holandês Abraham Mignon.

Refúgio de nazistas

O caso expõe um período obscuro na história da Argentina, onde se abrigaram dezenas de nazistas que escaparam da Europa para evitar julgamentos por crimes de guerra após a Segunda Guerra Mundial, incluindo figuras de alto escalão do partido e responsáveis pelo Holocausto, como Adolf Eichmann.

Durante o governo do general argentino Juan Perón, cujo primeiro mandato se estendeu de 1946 até sua deposição em 1955, ex-nazistas foragidos trouxeram consigo bens judaicos pilhados em outras partes do mundo, como ouro, contas bancárias, obras de arte e móveis. A localização desses itens permanece uma notícia recorrente, apesar do longo e complicado processo de recuperação na Argentina e em outros países.

(Efe, AP)

Fonte por: Carta Capital

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