Relatório revela abusos chocantes contra venezuelanos deportados para El Salvador, incluindo tortura e violência sexual

Relatório da Human Rights Watch e Cristosal revela abusos graves a venezuelanos deportados para El Salvador, incluindo tortura e violência sexual em prisões.

3 min de leitura

(Imagem de reprodução da internet).

Relatório denuncia abusos a venezuelanos deportados para El Salvador

Um relatório da Human Rights Watch e do grupo de direitos humanos Cristosal aponta que dezenas de venezuelanos deportados dos Estados Unidos para uma prisão em El Salvador enfrentaram tortura e outros abusos graves, incluindo violência sexual. O documento, divulgado nesta quarta-feira (12), inclui relatos de 40 dos 252 deportados para o Centro de Confinamento contra o Terrorismo (Cecot).

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Os entrevistados relataram ter sido espancados por guardas, com alguns sendo colocados em confinamento solitário como punição por protestos. Outros chegaram a relatar que estavam à beira do suicídio. O relatório critica o sistema prisional salvadorenho por violações sistemáticas dos direitos humanos e aponta a administração Trump como cúmplice em tortura e desaparecimentos forçados.

Reação do governo dos EUA

Em resposta a uma consulta da CNN, o Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS) defendeu a decisão de deportar os migrantes para o Cecot. Segundo um comunicado, cerca de 300 indivíduos associados a grupos terroristas foram enviados para a prisão em El Salvador, onde, segundo o DHS, não representam mais uma ameaça ao povo americano.

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A CNN também buscou comentários da Presidência salvadorenha e da diretoria de prisões do país. O governo de El Salvador já afirmou que respeita os direitos humanos de todos sob sua custódia, independentemente da nacionalidade, e que seu sistema prisional atende aos padrões de segurança.

Testemunhos de abusos

O relatório cita Gonzalo, um jovem de 26 anos da Venezuela, que descreve o momento em que foi retirado do avião e espancado ao desembarcar em El Salvador. Ele relata que um funcionário da prisão afirmou: “Vocês chegaram ao inferno.” Os detentos afirmaram que eram agredidos regularmente durante as revistas nas celas.

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Três entrevistados relataram ter sido vítimas de violência sexual. Muitos detentos relataram humilhações, com guardas afirmando que “nunca sairiam vivos” e que “suas famílias os haviam abandonado”. Vários deles relataram pensamentos suicidas, e um deles, Nelson, disse que a única coisa que o manteve firme foi sua fé e sua família.

Condições desumanas e repressão

Jerce Reyes, José Mora e Rafael Martínez relataram à CNN que eram frequentemente agredidos por guardas, muitas vezes por desobedecerem a regras rígidas. Eles também acusaram as autoridades de negarem direitos humanos básicos, como acesso a advogados e condições adequadas de vida.

Reyes contou que foi espancado após tomar banho em um horário não permitido. Martínez relatou que foi punido por se sentir mal e acabou com o braço fraturado após ser agredido por vários guardas. Mora afirmou que os guardas torturavam os detentos física e psicologicamente.

Alegações de envolvimento com gangues

O governo Trump acusou os deportados de terem ligações com a organização criminosa Tren de Aragua, sem apresentar provas. O relatório da Human Rights Watch e Cristosal afirma que cerca de metade dos venezuelanos enviados ao Cecot não tinha antecedentes criminais, e apenas 3% haviam sido condenados por crimes violentos nos EUA.

O DHS, por sua vez, insistiu que os quase 300 detentos eram membros das gangues Tren de Aragua e MS-13, descrevendo esses grupos como extremamente violentos. Reyes, Mora e Martínez negaram as acusações e foram deportados, apesar de não terem histórico criminal significativo.

Autor(a):

Com formação em Jornalismo e especialização em Saúde Pública, Lara Campos é a voz por trás de matérias que descomplicam temas médicos e promovem o bem-estar. Ela colabora com especialistas para garantir informações confiáveis e práticas para os leitores.

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