Relatório revela estagnação no mercado de trabalho dos EUA, com crescimento lento de empregos e aumento do desemprego. Quais os próximos passos?
O mais recente relatório de empregos trouxe à tona algumas particularidades ligadas à paralisação das atividades do governo federal dos Estados Unidos por 43 dias. Um ponto que se destacou foi a estagnação do mercado de trabalho americano. Embora os empregadores continuem a contratar, o crescimento do emprego está em um dos níveis mais lentos das últimas duas décadas.
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A dinâmica de “poucas contratações e poucas demissões” se manteve em novembro. A taxa de desemprego aumentou, em parte devido ao crescimento do número de pessoas em busca de trabalho, mas que não conseguem se empregar. O desemprego de longa duração cresceu, assim como o número de trabalhadores desmotivados, aprofundando as desigualdades econômicas.
Dan North, economista sênior da Allianz Trade para a América do Norte, comentou que, embora as contratações não estejam totalmente paralisadas, elas estão suspensas. “As pessoas que têm emprego estão se segurando firmemente”, afirmou, destacando um sinal claro de estagnação no mercado de trabalho.
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Alguns economistas acreditam que esse ritmo lento pode persistir por um bom tempo, enquanto outros acreditam que uma mudança significativa no mercado de trabalho é apenas uma questão de tempo. Existem várias maneiras pelas quais isso pode ocorrer.
Apesar do arrefecimento do mercado de trabalho, a economia dos EUA continua a crescer a um ritmo razoável, com produtividade estável. A média de criação de novos empregos é de 55.000 por mês, refletindo a “incerteza generalizada” provocada por mudanças nas políticas comerciais e de imigração.
Joe Brusuelas, economista-chefe da RSM, destacou que a oferta de mão de obra está diminuindo devido à aposentadoria da geração Baby Boomer e novas restrições à imigração. Ele também mencionou uma mudança na “taxa de equilíbrio” do emprego, onde a economia não precisa criar tantos empregos quanto antes para se manter estável.
Uma grande incógnita é o impacto da inteligência artificial (IA) no mercado de trabalho. No curto prazo, as incertezas tecnológicas podem deixar as empresas cautelosas em relação às contratações. Seema Shah, estrategista-chefe global da Principal Asset Management, ressaltou que as implicações de longo prazo para a força de trabalho e a dinâmica salarial ainda são incertas.
Tyler Schipper, professor associado de economia da Universidade de St. Thomas, apontou que a IA, junto com a fiscalização da imigração e a incerteza política, continua a ser um obstáculo ao crescimento do mercado de trabalho. Ele questionou quais condições poderiam levar a um aquecimento do mercado, destacando que muitas delas estão ligadas a políticas públicas.
Cory Stahle, economista do Indeed Hiring Lab, acredita que as contratações podem reacelerar, embora isso possa levar tempo. Ele observou que os cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve podem contribuir para essa mudança, já que normalmente são necessários de três a cinco trimestres para que as alterações na política monetária impactem a economia.
Além disso, mudanças nas políticas públicas ou medidas que reduzam a incerteza podem facilitar as contratações. Brusuelas também mencionou os impactos da nova lei tributária que entrará em vigor em 2026, ressaltando a incerteza sobre as taxas e os preços, que continuam a afetar as decisões das empresas.
Autor(a):
Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.