Denúncia do instituto Fogo Cruzado revela a violência relacionada ao emprego de armas.
As principais regiões metropolitanas do Nordeste e Norte brasileiro registram um aumento significativo da violência armada. Dados compilados pelo Instituto Fogo Cruzado, divulgados nesta segunda-feira 21, indicam que os confrontos entre grupos criminosos organizados atingiram níveis recorde nos primeiros seis meses de 2025. A análise considerou 49 municípios do país.
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De janeiro a junho deste ano, registraram-se 253 ocorrências de tiroteios vinculadas a conflitos territoriais entre grupos criminosos, um aumento de 36% em relação ao mesmo período de 2024. Esses incidentes resultaram em 172 vítimas: 108 fatalidades e 64 feridos, com incrementos de 35% e 6%, respectivamente.
Outro ponto de preocupação é o aumento do número de crianças afetadas por balas perdidas em situações de disputa territorial – pelo menos duas foram vítimas diretas desse tipo de conflito.
A área metropolitana do Recife experimentou um aumento sem paralelo na violência entre grupos criminosos. Os 18 confrontos motivados por conflitos por território registrados no período constituem um número recorde, resultando em 16 mortos e 11 feridos.
Em 2024, o cenário se destacou: no primeiro semestre, houve apenas um incidente desse tipo, sem registros de mortes. A capital pernambucana concentrou um terço dos casos, com Olinda e Paulista complementando o ranking das cidades mais impactadas.
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A região metropolitana do Rio de Janeiro teve 154 confrontos com execuções de armas de fogo no primeiro semestre, representando um aumento de 48% em comparação com 2024. Contudo, o número de feridos nos primeiros seis meses de 2025 (72) foi inferior ao total registrado no mesmo período de 2024 (82).
Observou-se outro aumento notável nos tiroteios relacionados a operações policiais. Em média, a região metropolitana do Rio registrou três casos por dia.
Foram contabilizados 1.233 incidentes de tiroteio ou disparo de arma de fogo no Rio nos primeiros seis meses de 2025. O número representa uma redução de 8% em relação ao registrado no mesmo período de 2024, porém observou-se um aumento na taxa de operações policiais: de 34% (registrados no primeiro semestre de 2024), o percentual subiu para 41% (ou 504 casos) no mesmo período de 2025.
Essa taxa representa o nível mais elevado já registrado pelo instituto em operações policiais na capital fluminense nos primeiros seis meses de um ano.
É sintomático que os tiroteios caiam, mas aumentem as disputas, aumente a proporção de tiros em ações policiais e com isso aumente também o número de baleados no Grande Rio. Isso mostra de maneira cristalina que é preciso olhar a questão da segurança pública em toda sua complexidade, apontou Carlos Nhanga, coordenador regional do Instituto Fogo Cruzado no Rio de Janeiro.
Muitas vezes um indicador pode evidenciar melhora na situação, mas por que as pessoas continuam se sentindo tão inseguras? Ora, porque o domínio territorial, que é o que caracteriza o Rio de Janeiro, ainda gera conflitos em abundância, assim como a própria política de segurança. Mais da metade das pessoas foram baleadas durante ações policiais, como alguém vai se sentir mais seguro assim?
A Seção de Ordem Pública do Estado do Rio de Janeiro, em comunicado, ressaltou que o Instituto de Segurança Pública continua sendo a principal referência para a análise de dados e indicadores criminais no estado.
Na área metropolitana de Salvador, registraram-se 81 confrontos entre grupos armados, com 45 mortos e 28 feridos, valores semelhantes aos de 2024. Contudo, a violência praticada por agentes estatais demonstrou aumento.
O número de mortes em chacinas com policiais subiu de 17 para 57, representando um aumento expressivo de 235%. Paralelamente, o número de adolescentes feridos ou mortos em operações policiais aumentou 367%, demonstrando o impacto desproporcional dessas ações sobre os jovens da região.
O Pará teve ocorrências de tiroteio com vítimas em três comunidades quilombolas, evidenciando a fragilidade dessas populações tradicionais diante da violência armada. Belém liderou os dados de óbitos com 91 mortes, seguida por Ananindeua (52) e Marituba (30).
Fonte por: Carta Capital
Autor(a):
Ambientalista desde sempre, Bianca Lemos se dedica a reportagens que inspiram mudanças e conscientizam sobre as questões ambientais. Com uma abordagem sensível e dados bem fundamentados, seus textos chamam a atenção para a urgência do cuidado com o planeta.