Relatório alerta: mundo pode enfrentar aquecimento de 2,6 °C e mortes de idosos por calor aumentam

Relatório de cientistas revela que planeta pode estar se dirigindo a um cenário catastrófico alarmante.

17/10/2025 5:14

4 min de leitura

(Imagem de reprodução da internet).

Mudanças Climáticas e Ondas de Calor

As mudanças climáticas estão aumentando a frequência, intensidade e duração das ondas de calor. Anualmente, cerca de 500 mil pessoas perdem a vida devido ao calor extremo, que também ameaça ecossistemas essenciais, como os recifes de corais, que estão à beira do colapso.

Um relatório divulgado na quinta-feira (16) pela Atribuição Climática Global (WWA) e pela Climate Central revela que o cumprimento das metas atuais de redução das emissões de gases de efeito estufa poderia evitar até 57 dias adicionais de calor extremo por ano, em comparação a um cenário sem o Acordo de Paris.

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Alertas dos Cientistas

Cientistas alertam que, sem ações globais mais robustas para conter o aquecimento, o planeta se dirige a um futuro catastrófico. A climatologista Friederike Otto, da WWA, destacou que a falta de ambição nas ações climáticas é um grande problema, com consequências severas para a vida e os meios de subsistência das populações mais vulneráveis.

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Embora o calor seja o fenômeno climático extremo mais mortal, muitas vezes é ofuscado por desastres mais visíveis, como enchentes e tempestades. Mesmo pequenas elevações de temperatura podem causar impactos significativos em plantas, animais e seres humanos.

A Importância do Acordo de Paris

O Acordo de Paris, firmado há cerca de 10 anos, compromete-se a manter o aumento da temperatura média global bem abaixo de 2 °C em relação aos níveis pré-industriais, com uma meta específica de limitar o aumento a 1,5 °C. Contudo, o planeta já registrou um aquecimento médio de aproximadamente 1,4 °C.

Esse aumento tem contribuído para ondas de calor mais longas e intensas, resultando em um número crescente de mortes e agravando crises climáticas em diversas regiões. Eventos extremos, como as altas temperaturas na Europa em 2023, que causaram cerca de 47 mil mortes, evidenciam a gravidade da situação.

Projeções Futuras e Desafios

Um relatório da Climate Central indica que eventos extremos estão se tornando de cinco a 75 vezes mais prováveis devido ao aquecimento global. Se as emissões de gases de efeito estufa não forem reduzidas significativamente, a temperatura média global poderá subir pelo menos 2,6 °C até o final do século, resultando em 57 dias adicionais de calor extremo por ano.

A cientista Kristina Dahl, da Climate Central, alerta que o mundo ainda caminha para um futuro perigosamente quente, com muitos países despreparados para o nível de aquecimento já enfrentado. Sem o Acordo de Paris, o cenário seria ainda mais alarmante, com um possível aumento de 4 °C até 2100, resultando em 114 dias de calor extremo por ano.

Progresso e Desafios Atuais

Um novo relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM) aponta que 2024 foi o ano mais quente já registrado, com concentrações de dióxido de carbono (CO₂) na atmosfera em níveis históricos. Apesar do avanço preocupante do aquecimento global, há sinais de progresso, como o fato de que, pela primeira vez, as fontes de energia renovável superaram o carvão como principal matriz elétrica do planeta.

O estudo conclui que o Acordo de Paris tem, até agora, afastado o mundo dos cenários climáticos mais perigosos, ainda que temporariamente. No entanto, especialistas ressaltam que os esforços atuais são insuficientes. Para limitar o aumento da temperatura global a menos de 2 °C, é necessário intensificar os cortes nas emissões de gases de efeito estufa, e muitos países ainda não apresentaram metas concretas para isso.

Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.