A Dinamarca se desculpou oficialmente na quarta-feira, 27, com mais de 4.500 vítimas da campanha de contracepção forçada realizada no país entre 1960 e 1992, com o propósito de diminuir a taxa de natalidade do grupo indígena inuit no Groenlândia.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, declarou que, ainda que o ocorrido não possa ser alterado, a responsabilidade deve ser assumida. “Dessa forma, em nome da Dinamarca, gostaria de expressar meus sentimentos de arrependimento”, afirmou a chefe de governo em um comunicado.
Fredriksen acrescentou que também existem “outros capítulos sombrios” de discriminação sistemática contra os groenlandeses e que seu pedido de desculpas também se estende a “essas outras falhas”.
LEIA TAMBÉM!
O caso ganhou destaque após uma série de podcasts da emissora pública dinamarquesa DR, exibidos em 2022, expor a amplitude da campanha, que contemplou mais de 4.500 mulheres, com base em dados dos arquivos nacionais. Em setembro do mesmo ano, os governos da Dinamarca e da Groenlândia iniciaram uma investigação sobre o ocorrido.
Quais são as causas dos maus tratos?
A campanha visava restringir o aumento da população na Groenlândia, evitando gestações. Dispositivos intrauterinos (DIU) foram inseridos em meninas inuítes a partir dos 13 anos de idade. Diversas mulheres desconheciam a presença do dispositivo e, até recentemente, ginecologistas groenlandeses continuaram identificando o contraceptivo em mulheres que não tinham consciência de sua utilização.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Em 2023, aproximadamente 150 mulheres entraram com ações judiciais contra a Dinamarca, buscando compensação por supostos direitos violados.
O primeiro-ministro da Groenlândia, Jens-Frederik Nielsen, também se desculpou às mulheres que “foram expostas e conviveram com as consequências de intervenções que elas não solicitaram nem tiveram controle”.
As solicitações de desculpas ocorrem um mês antecedente a um relatório previsto para o próximo mês referente aos abusos contra mulheres inuí.
Não se trata da primeira vez que a violação de direitos humanos envolvendo a Dinamarca é discutida. Em 2022, o Estado dinamarquês se desculpou e ofereceu indenização a seis inuit, mais de 70 anos após terem sido separados de suas famílias para participar de uma experiência que buscava formar uma elite de língua dinamarquesa na Groenlândia.
Fonte por: Carta Capital