Israel mantém decisão crucial, e reconstrução de Gaza se torna principal desafio para os palestinos.
O professor de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Reginaldo Nasser, avalia que a declaração de cessar-fogo em Gaza, anunciada pelo Hamas e reconhecida por Israel, não representa o fim da opressão sofrida pelo povo palestino. “Quem tomou a iniciativa detém um poder muito maior do que o outro é que acaba ditando os rumos do processo. Então quem encerrou os ataques foi Israel”, afirmou, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Nasser ressaltou a necessidade de cautela ao tratar o momento como um acordo de paz. “Nós não podemos usar muito a palavra paz. Eu prefiro dizer que é um cessar-fogo. Foram suspensos os ataques militares. A paz é um longo processo, tem a ver com a construção do Estado palestino, da vida dessas pessoas”, explicou. O professor lembrou que o território de Gaza, “do tamanho de Parelheiros”, já vivia uma situação degradante antes de 7 de outubro de 2023, e que “manter o cessar-fogo” será o principal desafio daqui em diante.
Ele destacou ainda a ausência de uma força internacional que fiscalize o cumprimento do acordo. “Seria uma força de paz para intermediar e supervisionar qualquer conflito no mundo. Isso está previsto na ONU [Organização das Nações Unidas]”, observou. Segundo Nasser, mesmo cessando os bombardeios, “foram assassinados mais de 50 palestinos” após o anúncio do cessar-fogo, o que reforça a necessidade de vigilância constante.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
O professor também comentou o papel dos mediadores — Estados Unidos, Egito, Turquia e Catar — e apontou a fragilidade da coalizão israelense. “A ala da extrema direita do governo de Israel não concorda com isso. O ministro [da Segurança Nacional, Itamar] Ben-Gvir disse que vai romper com Netanyahu se ele não exterminar o Hamas”, afirmou.
Para ele, os EUA seguem sendo o ator decisivo para o andamento do processo de cessar-fogo e para qualquer avanço real rumo à paz em Gaza. “Os Estados Unidos, quando querem, param Israel na hora. A variável principal ainda na região chama-se Estados Unidos. E [o presidente] Donald Trump vai querer um Nobel da Paz agora por uma coisa que ele sequer devia ter começado”, criticou.
O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira: a primeira às 9h e a segunda às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.
Autor(a):
Gabriel é economista e jornalista, trazendo análises claras sobre mercados financeiros, empreendedorismo e políticas econômicas. Sua habilidade de prever tendências e explicar dados complexos o torna referência para quem busca entender o mundo dos negócios.