Região Metropolitana do Recife registra 13 ocorrências de crianças baleadas em 2025, ultrapassando números de Rio e Salvador

Até julho de 2025, os números já representam o total do ano de 2022, que se mostrou o mais violento para a infância até então.

24/07/2025 15:53

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Região Metropolitana do Recife registra 13 ocorrências de crianças baleadas em 2025, ultrapassando números de Rio e Salvador
(Imagem de reprodução da internet).

Em domingo (20), uma festa de aniversário infantil em Jaboatão dos Guararapes foi invadida por um homem que atirou com uma arma de fogo. O alvo era um jovem de 19 anos, que ficou ferido, assim como outras pessoas presentes na celebração. O agressor foi dominado, mas a menina Emily Vitória Guimarães, de apenas 6 anos, convidada do evento, faleceu. Outra criança, de 5 anos, também sofreu ferimentos. O ataque ocorreu na comunidade do Cajá, bairro de Jardim Jordão, na região de Prazeres.

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Com as duas meninas baleadas, a Região Metropolitana do Recife registra 13 crianças (idades de zero a 11 anos) vítimas de armas de fogo em 2025, resultando em três mortes e dez feridos, conforme levantamento do Instituto Fogo Cruzado. A organização, que monitora ocorrências envolvendo armas de fogo, afirma que a RMR ultrapassou os números de crianças baleadas nas outras três regiões metropolitanas acompanhadas: Rio de Janeiro (10 crianças baleadas, com uma morte); Salvador (três crianças baleadas, com uma morte) e Belém (nenhuma criança baleada).

A região metropolitana do Recife apresenta uma média de três crianças e adolescentes feridos por semana em 2025.

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Em pouco mais de um semestre, 13 vítimas indicam um possível recorde, pelo menos nos dados da base de dados Fogo Cruzado, que coleta informações desde 2019. Entre os sete anos de pesquisa, 2025 apresenta o maior número de crianças mortas até 21 de julho, equivalente ao total de crianças mortas em 2022, o ano mais violento até então. As três mortes correspondem ao recorde registrado ao longo de 2022.

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Jaboatão dos Guararapes é o município do Recife com o maior número de crianças vítimas de armas de fogo, registrando quatro crianças mortas e duas feridas. As vítimas são Emily, de seis anos; um bebê de oito meses; uma criança de quatro anos e outra de cinco anos. A lista inclui ainda Recife (3 vítimas, sendo uma criança morta e uma ferida por um policial), Olinda (duas vítimas), Paulista (1), Cabo de Santo Agostinho (1), Itapissuma (1) e Goiana (1).

Neste mês, que marca 35 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), as notícias não são positivas para essa população na Região Metropolitana do Recife, território que apresenta uma média de mais de 5 crianças e adolescentes baleados a cada quinzena, com a maioria dos adolescentes sendo vítimas fatais. O Instituto Fogo Cruzado produz e divulga dados sobre violência armada na RMR desde abril de 2018, disponibilizados por meio de aplicativo de celular.

O Brasil de Fato contatou a Secretaria de Defesa Social do Governo de Pernambuco, responsável pela segurança pública no estado; e a Secretaria de Assistência Social e Cidadania de Jaboatão dos Guararapes, município da RMR com o maior número de crianças baleadas e mortas até julho de 2025. Até o momento não obtivemos respostas.

Quase 200 crianças e adolescentes são agredidos diariamente no Brasil.

Organizações exigem prioridade de políticas de defesa das crianças e adolescentes nas eleições.

Conflitos por territórios também se intensificam.

No primeiro semestre de 2025, houve um número sem precedentes de tiroteios decorrentes de conflitos territoriais e de natureza comercial envolvendo grupos armados na região Metropolitana do Recife. Registrou-se 18 ocorrências desse tipo, com 16 fatalidades e 11 pessoas feridas. Os seis anos anteriores (2019 a 2024) totalizaram 10 casos (com 5 mortos e seis feridos), conforme dados do Instituto Fogo Cruzado. Os incidentes concentraram-se principalmente em Recife (6), Olinda (4), Paulista (4) e Cabo de Santo Agostinho (2).

O total de 39 vítimas por balas perdidas (35 mortos e quatro feridos) representa um recorde no banco de dados da organização. Entre 2019 e 2023, a média na RMR era de 23 casos desse tipo. Em 2024, houve 38 ocorrências (ao longo do ano) e, em 2025, já alcançamos 39 (até julho). As mortes por balas perdidas apresentaram, em média, 21 casos anuais, elevando-se para 32 em 2024 e atingindo 35 em julho de 2025. Os indivíduos baleados se concentram principalmente em Olinda (17), Cabo (8) e Recife (8).

Aumento de registros de homicídios de indivíduos em situação de rua.

O Instituto Fogo Cruzado também contabilizou, até junho de 2025, o número de 12 pessoas em situação de rua vítimas de disparos de armas de fogo na RMR. O índice representa a soma total da população de rua baleada entre 2019 e 2024, conforme dados da entidade. Nos seis anos, ocorreram oito mortes entre as 12 vítimas. Até junho de 2025, todas as 12 foram fatais.

Fonte por: Brasil de Fato

Ana Carolina é engenheira de software e jornalista especializada em tecnologia. Ela traduz conceitos complexos em conteúdos acessíveis e instigantes. Ana também cobre tendências em startups, inteligência artificial e segurança cibernética, unindo seu amor pela escrita e pelo mundo digital.