Reforma Casa Brasil de Lula pode injetar R$ 70 bi em PIB e impostos, aponta FGV

Reforma Casa Brasil, apresentada pelo presidente Lula, pode impulsionar o Produto Interno Bruto em R$ 52,9 bilhões e gerar quase R$ 20 bilhões em impostos.

26/10/2025 17:32

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(Imagem de reprodução da internet).

Programa Reforma Casa Brasil pode impactar PIB em R$ 52,9 bilhões

O programa Reforma Casa Brasil, lançado recentemente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tem o potencial de adicionar R$ 52,9 bilhões ao PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil. Além disso, a arrecadação de impostos gerada pela demanda resultante da iniciativa pode aumentar em quase R$ 20 bilhões.

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Essa estimativa é parte de um estudo do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), que foi antecipado para o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. O programa é direcionado à classe média e prevê R$ 40 bilhões em crédito habitacional para reformas e ampliações de residências de famílias que já possuem casa própria, mas enfrentam problemas estruturais.

Impacto do crédito habitacional no PIB da construção

Se os R$ 40 bilhões fossem liberados em um único ano, o impacto total sobre o PIB da construção, que inclui tanto empresas quanto o segmento de autoconstrução, seria estimado em R$ 17,7 bilhões. Esse valor representa 4,9% do PIB setorial previsto para 2024.

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Os autores do estudo, Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção no Ibre/FGV, e os consultores Marco Brancher e Robson Gonçalves, afirmam que esse efeito poderia acrescentar 0,38 ponto porcentual ao PIB, considerando os efeitos diretos, indiretos e induzidos.

Efeitos indiretos e arrecadação de impostos

Os efeitos indiretos incluem o aumento na demanda da indústria e do comércio de materiais, totalizando R$ 35,2 bilhões, o que equivale a 4,8% da produção desses setores na cadeia produtiva da construção. Ana Maria Castelo explica que o setor da construção demanda diversos bens e serviços, movimentando a indústria de materiais e o comércio.

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O programa também resultaria em um aumento significativo na arrecadação de impostos. Considerando os efeitos diretos, indiretos e induzidos, o Reforma Casa Brasil poderia elevar a arrecadação em R$ 19,6 bilhões, quase metade do valor do crédito anunciado. Os pesquisadores destacam que esse avanço se deve aos fortes efeitos de encadeamento produtivo gerados pelo setor da construção.

Desafios e lacunas habitacionais

Castelo ressalta que o sucesso do programa depende de como os recursos serão operacionalizados e liberados. Ela menciona dados da Fundação João Pinheiro, que indicam que, em 2023, 27,6 milhões de domicílios apresentavam algum tipo de inadequação, representando 40,8% das moradias urbanas duráveis do país.

Um dos principais desafios é a escassez de mão de obra. Caso as pessoas tenham dificuldade em contratar trabalhadores, isso pode impactar a liberação do crédito. O governo deverá agir para treinar mais profissionais e resolver essa questão.

Salário médio e escassez de mão de obra

Atualmente, a construção civil apresenta o maior salário médio de admissão com carteira assinada entre as principais atividades econômicas do Brasil, segundo o Novo Caged (Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Em agosto, o salário médio na construção foi de R$ 2.462,70, comparado a R$ 2.295,01 na média geral.

Apesar da escassez de mão de obra, a Sondagem da Construção da FGV indica que as empresas do setor operam com relativa ociosidade e níveis de estoque adequados, o que pode reduzir o impacto inflacionário do programa nos preços dos materiais de construção.

O INCC-DI (Índice Nacional de Custo da Construção – Disponibilidade Interna) acumulou alta de 6,78% nos 12 meses encerrados em setembro. A mão de obra contribuiu com 4,06 pontos porcentuais dessa inflação, enquanto materiais, equipamentos e serviços responderam por 2,72 pontos porcentuais, evidenciando a pressão dos custos de trabalho sobre a inflação da construção.

Autor(a):

Ex-jogador de futebol profissional, Pedro Santana trocou os campos pela redação. Hoje, ele escreve análises detalhadas e bastidores de esportes, com um olhar único de quem já viveu o outro lado. Seus textos envolvem os leitores e criam discussões apaixonadas entre fãs.