Reduzir o consumo de carboidratos e gorduras traz benefícios? Especialistas explicam

Por muito tempo, as orientações nutricionais consideravam as gorduras como ingredientes prejudiciais a uma dieta saudável, porém, nos últimos anos essa perspectiva se transformou e os carboidratos passaram a ocupar essa posição.

04/06/2025 6:51

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(Imagem de reprodução da internet).

Dietas que prometem emagrecimento rápido ao eliminar grupos alimentares inteiros ainda são populares e facilmente encontradas nas redes sociais. Nos últimos anos, a restrição drástica de carboidratos ganhou força entre aqueles que buscam perder peso de maneira acelerada.

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Anteriormente, o foco era nas gorduras – consideradas inibitórias na alimentação – durante as décadas de 1980 e 1990. A transformação de perspectiva, contudo, não modificou um aspecto essencial: profissionais continuam alertando que a eliminação total de carboidratos ou gorduras da alimentação pode gerar desvantagens à saúde.

A eliminação completa de uma categoria de alimentos afeta funções fisiológicas fundamentais. Carboidratos são a principal fonte de energia para o cérebro e o sistema nervoso central. Sua ausência pode causar fadiga, constipação, perda de massa muscular e alterações cognitivas. Já as gorduras são necessárias para a produção de hormônios, absorção de vitaminas (A, D, E e K) e manutenção das membranas celulares, conforme detalha Jean Lemos, nutricionista e professor universitário.

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Por décadas, as orientações nutricionais associaram as gorduras à elevação da obesidade e das doenças cardiovasculares. Produtos “zero gordura” se tornaram comuns nas lojas e impactaram os hábitos alimentares.

Na década de 2000, ocorreu uma mudança de paradigma com a popularização de dietas com baixo teor de carboidratos. O raciocínio defendia que os carboidratos, principalmente os processados, aumentavam os níveis de insulina e promoviam o acúmulo de gordura no organismo. Essa alteração no foco gerou uma nova onda de restrições, frequentemente sem orientação profissional.

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Além dos efeitos colaterais físicos, dietas excessivamente restritivas costumam ser difíceis de sustentar. Especialistas apontam que o emagrecimento saudável e persistente envolve a reeducação alimentar e o equilíbrio entre carboidratos, proteínas e gorduras.

Atualmente, a distribuição recomendada por diversos especialistas apresenta uma média de 40% a 60% de carboidratos, 10% a 35% de proteínas e 20% a 30% de gorduras, levando em conta as características individuais de cada pessoa, incluindo idade, nível de atividade física, condições de saúde e preferências alimentares.

Restrições extremas são difíceis de manter e podem levar ao efeito rebote (reganho de peso), além de prejuízos metabólicos e comportamentais. A longo prazo, reduzem a adesão ao plano alimentar, aumentam o risco de compulsões e favorecem a perda de massa muscular. O emagrecimento sustentável depende de mudanças consistentes no estilo de vida e não de estratégias radicais, acrescenta Lemos.

Um aspecto crucial, conforme apontam os especialistas, reside na qualidade dos alimentos. Não são o amido da batata-doce ou do arroz integral que causa problemas na dieta, mas sim o excesso de consumo de pães brancos, biscoitos ultraprocessados e doces, por exemplo. O mesmo se aplica às gorduras: azeite de oliva, abacate, nozes e sementes são fontes saudáveis, enquanto frituras e produtos industrializados ricos em gordura trans devem ser evitados.

Não é necessário acompanhar diretamente os macronutrientes, não focar tanto nisso. Se você tiver porções equilibradas, junto de fibras e de uma fonte boa de proteínas, isso é uma dieta balanceada, é uma dieta equilibrada. O importante é ter a alimentação adequada e conforme a necessidade da pessoa, não precisa ser um controle rigoroso para quem quer ter uma vida saudável, acrescenta Renato Lobo, nutricionista.

Estudo aponta que dieta low carb pode elevar o risco de câncer colorretal.

Fonte por: CNN Brasil

Gabriel é economista e jornalista, trazendo análises claras sobre mercados financeiros, empreendedorismo e políticas econômicas. Sua habilidade de prever tendências e explicar dados complexos o torna referência para quem busca entender o mundo dos negócios.