Real apresenta pior desempenho frente ao dólar com aumento do temor fiscal, cotação a R$ 5,50
Divisa brasileira se desvinculou das perdas dos países emergentes e voltou a ser cotada a R$ 5,50.
Desempenho do Real Frente ao Dólar
Nesta sexta-feira (10), o real apresentou o pior desempenho contra o dólar entre as principais moedas do mundo, refletindo o descontentamento dos investidores com o cenário interno e as preocupações sobre a política fiscal do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A última sessão da semana foi marcada por um desempenho negativo generalizado das moedas emergentes, com investidores buscando proteção em meio ao aumento das tensões globais, especialmente após as novas ameaças de Donald Trump de elevar tarifas sobre a China.
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Entretanto, a moeda brasileira se destacou com uma desvalorização acentuada, indicando que os problemas internos contribuíram significativamente para sua queda em relação ao dólar.
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Fechamento do Mercado
O real encerrou a sexta-feira com uma perda de 2,39%, cotado a R$ 5,5038, o maior valor de fechamento desde 5 de agosto, quando alcançou R$ 5,5057. O rand sul-africano também apresentou queda de quase 1,6%, enquanto o peso colombiano desvalorizou cerca de 1%.
Preocupações com as Contas Públicas
A inquietação com o desempenho das contas públicas voltou a pressionar os investidores nos últimos dias, especialmente após a derrota do governo na aprovação da MP (Medida Provisória) que alterava a taxação de investimentos. A MP 1303 teria um impacto fiscal de R$ 14,8 bilhões em 2025 e R$ 36,2 bilhões em 2026, conforme estimativas do Ministério da Fazenda.
Recentemente, Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sinalizaram que o governo buscará alternativas para equilibrar as contas no próximo ano. A situação se agravou após uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, que indicou que o pacote de medidas do governo para 2026 poderia totalizar R$ 100 bilhões, sem garantias de receitas.
Expectativas Futuras
Entre as medidas propostas estão a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais, a distribuição de gás de cozinha e isenção nas contas de energia para algumas famílias, além de bolsas para estudantes, todas já anunciadas anteriormente.
Mesmo sem novas ações, os investidores demonstram receio de que 2026 seja um ano marcado por iniciativas voltadas para a reeleição de Lula, o que poderia impactar negativamente as contas públicas. Fernando Bergallo, diretor da assessoria FB Capital, comentou: “Daqui para frente só vai piorar”.
Ele acrescentou que a demanda por dólares tende a aumentar no próximo mês, e que o cenário político de 2026 já está influenciando o mercado.
Autor(a):
Ricardo Tavares
Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.