A confiança do setor exportador brasileiro diminuiu consideravelmente nos últimos dois meses, devido às tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para o país.
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As informações foram divulgadas pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) nesta segunda-feira (1º).
Entre junho e agosto, o ICEI (Índice de Confiança do Empresário Industrial) do setor apresentou uma queda de 50,2 pontos para 45,6 pontos.
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O índice varia de 0 a 100: valores acima de 50 indicam confiança; abaixo, falta dela. Isso significa que os empresários deixaram de confiar no setor nos últimos dois meses.
A CNI aponta que a onda de pessimismo está relacionada ao aumento das tarifas de exportação dos EUA, implementado a partir de 6 de agosto. Em junho, houve uma queda de 1,7 ponto; em julho, 2,9 – totalizando 4,6 pontos de declínio no período.
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O ICEI abrangente, compreendendo empresas que comercializam unicamente no mercado interno, apresenta resultados negativos há oito meses. Contudo, o ICEI exportador se manteve aquém da indústria nacional, que em agosto alcançou 46,1 pontos.
O aumento das taxas de juros restringe o consumo interno. No entanto, as empresas exportadoras, tendo a possibilidade de vender para o exterior, superavam a diminuição da demanda no mercado doméstico, afirmou Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI. Com a imposição de tarifas, essa situação se alterou.
A CNI também apontou, na pesquisa, uma queda no Índice de Expectativas, que mede o nível de confiança dos empresários em relação ao futuro da economia e de seus negócios nos próximos seis meses.
O índice recuou 5 pontos no período: de 52,2 para 47,2. Houve também uma mudança do otimismo para o pessimismo.
As tarifas de 50% aplicadas às exportações brasileiras entraram em vigor no início de agosto. Embora contenham 700 exceções à regra, aproximadamente 55,4% das exportações ainda enfrentem o limite tarifário estabelecido pelos Estados Unidos, conforme estimativas do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços).
Em retaliação à decisão do republicano, na última semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) permitiu que o Itamaraty acionasse a Camex (Câmara de Comércio Exterior) para iniciar consultas sobre a aplicação da Lei da Reciprocidade Econômica contra os Estados Unidos.
Ela define critérios de proporcionalidade para a adoção de medidas em relação a obstáculos aplicados a produtos e interesses nacionais.
A CNI entendeu que não é o momento adequado para o Brasil aplicar a lei, e acredita que é necessário persistir no uso de instrumentos de negociação para reverter os impactos negativos das tarifas americanas sobre as exportações brasileiras.
Em nota, o presidente da CNI, Ricardo Alban, afirma que se faz necessária “cautela e discussões técnicas”, e que uma comitiva liderada pela confederação, com mais de 100 líderes de associações e empresários industriais, estará presente no início da próxima semana em Washington para dialogar com empresários e representantes do poder público dos Estados Unidos.
“É necessário, contudo, persistir na manutenção de um relacionamento firme e propositivo, com mais de 200 anos de interação entre o Brasil e os Estados Unidos”, afirmou Alban.
Informações de Vitória Queiroz, da CNN; André Vasconcellos, em colaboração para a CNN; e Estadão Conteúdo.
Petróleo, café e aeronaves: principais produtos exportados do Brasil para os Estados Unidos.
Fonte por: CNN Brasil
