Quase metade dos estudantes no Rio sofre com os efeitos da violência

Pesquisa combina informações sobre o controle de territórios por grupos armados e a posição de escolas públicas.

01/06/2025 7h33

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(Imagem de reprodução da internet).

Aproximadamente metade dos alunos do ensino fundamental e médio de escolas públicas na região metropolitana do Rio sofrem impactos da violência armada na região. A informação consta no relatório “Educação Sob Cerco: as escolas do Grande Rio impactadas pela violência armada”, divulgado na última quinta-feira (29.mai.2025).

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Mais de 800 mil crianças e adolescentes, de 1.800 escolas públicas da capital e de mais 19 municípios da região, estudam em áreas controladas por grupos armados. A íntegra do relatório (PDF – 2 MB) está disponível.

A pesquisa foi conduzida pelo Unicef, pelo IFC, pelo GENI-UFF e pelo CERES-IESP, com base em dados de 2022.

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O estudo analisa dados sobre a distribuição de áreas controladas por grupos armados, incluindo facções e milícias, e a localização de escolas públicas. A partir dessas informações, verifica-se que uma parcela significativa dos estudantes estava envolvida, em diferentes graus, em contextos de violência armada – 48% dos estudantes de 19 municípios do Grande Rio e 55% dos estudantes da capital fluminense são afetados.

Na capital do Rio de Janeiro, mais de cinquenta por cento das escolas estão localizadas em áreas dominadas, com 28,4% em regiões de milícia e 30% de tráfego. Nas demais cidades da região, a proporção de escolas em áreas de tráfego é similar (29,2%), mas a influência das milícias é significativamente menor (9,6%).

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O relatório aponta que a cidade do Rio de Janeiro possui apenas 41,6% de suas escolas localizadas em áreas não dominadas por grupos armados. Há diferenças entre as regiões da cidade. Enquanto 29 escolas da zona sul da capital fluminense, ou 30% do total, registraram ao menos um episódio de violência armada aguda em sua vizinhança, na zona norte esse número chega a 510, o equivalente a 65% das escolas.

Em 2022, a pesquisa registrou mais de 4.400 tiroteios em circunstâncias ou não de operações/ações policiais nas proximidades de escolas. A zona norte do Rio concentrou o maior número de ocorrências entre os locais analisados: em um ano, escolas da região foram afetadas 1.714 vezes por tiroteios.

Na Baixada Fluminense, foram registradas 1.110 ocorrências. A zona sul do Rio de Janeiro, área nobre da capital, é a região com menor número de escolas em áreas dominadas por grupos armados e também a que teve menos escolas afetadas. Foram 29 escolas atingidas por 86 tiroteios.

O relatório aponta como alarmante a ocorrência de frequentes incidentes de violência armada em algumas instituições de ensino. Em 2022, uma escola em São Gonçalo registrou 18 episódios de violência armada aguda, o que corresponde, em média, a um tiroteio a cada duas semanas, sendo a unidade escolar a mais afetada.

O relatório também aponta para a elevada ocorrência de tiroteios em áreas com maior número de operações policiais. O volume de tiroteios em ações policiais foi três vezes superior em locais controlados em comparação com áreas não controladas.

Foram analisados os seguintes municípios: Rio de Janeiro, Belford Roxo, Duque de Caxias, Guapimirim, Itaboraí, Itaguaí, Japeri, Manguarus, Maricá, Mesquita, Nilópolis, Niterói, Nova Iguaçu, Paracambi, Queimados, Rio Bonito, Seropédica, São Gonçalo, São João de Meriti e Tangará.

A publicação apresenta uma série de recomendações aos atores públicos para a prevenção da violência armada contra crianças e adolescentes, incluindo:

O relatório divulgado é o primeiro de uma série de dois estudos. No segundo, serão avaliados os efeitos da influência da violência armada sobre o aprendizado e a taxa de abandono escolar.

Com informações da Agência Brasil.

Fonte por: Poder 360

Autor(a):

Ex-jogador de futebol profissional, Pedro Santana trocou os campos pela redação. Hoje, ele escreve análises detalhadas e bastidores de esportes, com um olhar único de quem já viveu o outro lado. Seus textos envolvem os leitores e criam discussões apaixonadas entre fãs.