Qual é o consumo do Brasil? Pesquisa aponta disputa entre estética, excesso e busca por pertencimento

Antecipação do estudo “Tá Quente Brasil”, da FutureBrand, aponta tendências que combinam prazer, desempenho e identidade no consumo alimentar.

22/07/2025 18:03

4 min de leitura

(Imagem de reprodução da internet).

O padrão alimentar dos brasileiros está passando por uma fase de transformação. De acordo com o estudo “Tá Quente Brasil”, realizado pela FutureBrand São Paulo, o consumo no país se divide entre a busca por prazer estético e o controle do corpo. A análise foi apresentada durante a edição de 2025 da Naturaltech, evento direcionado ao mercado de produtos naturais.

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O estudo completo será publicado em agosto. A pesquisa examina como o consumo de alimentos transformou-se em uma forma de expressão, desempenho e pertencimento, com impacto direto nos negócios e na comunicação das marcas.

Pistache se torna símbolo de desejo.

O pistache ascendeu à preferência dos consumidores e consolidou-se como um ingrediente bastante requisitado em 2024. O produto está presente em confeitos, bebidas, produtos de beleza e até na vestuário, como cor de destaque. Números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio revelam que o Brasil importou mais de mil toneladas no ano anterior, com um aumento de 80% no consumo.

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“Assim como a moda traduz códigos, os alimentos passaram a ditar tendências visuais e gustativas”, afirma Leonardo Fioretti, líder de pesquisa qualitativa da FutureBrand.

A estética da abundância se fortalece nas redes.

Com o aumento do consumo consciente, conteúdos que celebram o excesso alimentar têm se disseminado nas redes sociais. Um exemplo notável é o formato mukbang, originário da Coreia do Sul, que consiste em vídeos de indivíduos consumindo grandes quantidades de comida em frente às câmeras.

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No TikTok, contabilizam-se mais de 5,5 milhões de vídeos com a hashtag relacionada ao tema. Para Fioretti, esse fenômeno demonstra o interesse visual pela abundância e a amplitude de um conteúdo que vai além de setores específicos.

Ozempic e a lógica do shape & shake

Em oposição à estética da abundância, o estudo aponta para o aumento da cultura do “shape & shake”, que se fundamenta no controle alimentar e na busca por emagrecimento. A procura por medicamentos como o Ozempic cresceu 300% na internet em 2024, conforme dados da plataforma DrFirst.

Essa atitude demonstra uma tensão contínua entre o desejo de consumir alimentos e o autocontrole, influenciando as decisões de consumo.

Setor de alimentação se expande utilizando ingredientes locais.

O setor de alimentação, além das tendências comportamentais, apresenta crescimento nas receitas. A Pesquisa Setorial de Food Service 2024 apontou um aumento de 19% na receita e de 12% no número de estabelecimentos no país.

O crescimento é impulsionado pela valorização da cultura alimentar brasileira, com lançamentos como refrigerante de caju, sorvete de paçoca, ingredientes amazônicos e macarrão instantâneo com sabor cuscuz com calabresa, direcionados aos mercados do Norte e Nordeste.

As redes sociais influenciam comportamentos.

34% dos brasileiros acompanham perfis de culinária nas redes sociais. A geração Z lidera o engajamento, utilizando os conteúdos como referência de comportamento, moda e até bem-estar.

Essa ação converte o consumo em uma maneira de estabelecer posições sociais, além de demonstrar a procura por identificação em períodos de transformação.

Alimento com função é nova exigência

Observa-se também a crescente tendência à funcionalização dos alimentos. Produtos como sopas com melatonina ou cervejas com proteína ilustram a nova procura por alimentos que proporcionam algum efeito ao organismo.

A performance, antes ligada ao trabalho, agora impacta nossas escolhas alimentares. O bem-estar deixou de ser um segmento específico e tornou-se uma premissa fundamental para qualquer marca que busca estabelecer conexão com o consumidor.

O consumo reflete as contradições do presente.

A alimentação transformou-se em reflexo das ambiguidades do tempo contemporâneo, conforme afirma Estela Brunhara, diretora de Consumer Behavior e Estratégia da FutureBrand.

“O que foi observado nesta pesquisa e será detalhado em sua versão completa é que vivemos um momento de dualidade de sentimentos e contradições nas redes, o que impacta e reflete diretamente no comportamento de consumo”, analisa Brunhara.

Fonte por: Carta Capital

Autor(a):

Ex-jogador de futebol profissional, Pedro Santana trocou os campos pela redação. Hoje, ele escreve análises detalhadas e bastidores de esportes, com um olhar único de quem já viveu o outro lado. Seus textos envolvem os leitores e criam discussões apaixonadas entre fãs.