Pulmão de porco foi transplantado em homem pela primeira vez

A instituição operou por nove dias com pessoal completo, após o registro de óbito encefálico na China, conforme relatório.

25/08/2025 15:43

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Pulmão de porco foi transplantado em homem pela primeira vez
(Imagem de reprodução da internet).

Um pulmão de porco geneticamente modificado foi transplantado para um homem em estado de morte cerebral e funcionou por nove dias, conforme um relatório recentemente publicado.

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Realizaram-se algumas vitórias recentes nos transplantes de rins e corações de porco para humanos, porém este foi o primeiro a tentar transplantar um pulmão de porco para um ser humano. Os médicos esperam que isso possa um dia ser uma alternativa para indivíduos que necessitam de órgãos, embora especialistas afirmem que não ocorrerá tão cedo.

Os pesquisadores do Primeiro Hospital Afiliado da Universidade Médica de Guangzhou, na China, não identificaram o paciente no estudo, que é descrito como um homem de 39 anos que sofreu morte encefálica após sofrer um acidente hemorrágico cerebral.

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Médicos transplantaram um pulmão de porco para o corpo dele após obter o consentimento da família. As descobertas foram publicadas na segunda-feira na revista Nature Medicine.

Com qualquer transplante entre humanos ou de animais para humanos – também conhecido como xenotransplante – os médicos monitoram atentamente os sinais de infecção e rejeição.

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O paciente recebeu diversos medicamentos para diminuir o risco de infecção e rejeição. O próprio pulmão também recebeu seis edições genéticas, e o porco doador foi mantido em uma área extremamente limpa e rigorosamente controlada ao longo de toda a sua vida.

Os pesquisadores no estudo relataram a ausência de sinais imediatos de rejeição após o transplante, porém problemas começaram a surgir após apenas um dia.

O homem apresentava inchaços generalizados em todo o corpo, com o acúmulo de fluido em seus tecidos, possivelmente relacionado a um problema de circulação sanguínea. Os pulmões, além de auxiliar na respiração, também participavam da circulação sanguínea.

Apesar das precauções, observou-se após o transplante alguns sinais de recuperação parcial, contudo, os médicos notaram que o corpo do homem estava iniciando o processo de rejeição do órgão.

Com a solicitação da família, os médicos interromperam o experimento.

Apesar do estudo demonstrar a viabilidade do transplante de pulmão suíno para humanos, desafios significativos em relação à rejeição de órgãos e infecção ainda persistem, escreveram os pesquisadores no novo estudo. Eles concluíram que mais pesquisas são necessárias antes que o procedimento possa ser repetido em um ensaio clínico.

O mundo necessita de muitos órgãos doados. Apenas nos EUA, em 2023, a demanda por transplantes de órgãos excedeu em dobro o número de procedimentos realizados.

Em 2023, foram realizados mais de 48 mil transplantes nos EUA, porém mais de 103 mil pessoas aguardavam na fila. Segundo a Administração Federal de Recursos e Serviços de Saúde (HRSA), aproximadamente 13 indivíduos nos Estados Unidos vêm a falência antes de receberem um órgão, diariamente.

Valvulas de porco foram transplantadas para humanos nos últimos 30 anos; órgãos são mais complexos, mas os médicos têm observado sucesso limitado com corações e rins de porco geneticamente modificados. Eles também realizaram experimentos com um fígado de porco geneticamente modificado, porém obtiveram resultados menos promissores, até o momento.

O maior sucesso até o momento foi alcançado com um homem em Massachusetts, Tim Andrews, que reside com um rim de porco geneticamente modificado transplantado no Hospital Geral de Massachusetts em janeiro.

Especialistas afirmam que ainda há um longo período a ser alcançado até que os transplantes de pulmão de porco apresentem resultados tão promissores.

“Ninguém se submeteria a um transplante de pulmão de nove dias”, afirmou o Dr. Adam Griesemer, cirurgião de transplantes e membro sênior da equipe de xenotransplante do Instituto de Transplantes da NYU Langone, que não participou da nova pesquisa.

Griesemer afirmou que transplantes de pulmões de porco para outros animais em experimentos prévios apresentaram resultados análogos.

“Considero fundamental realizar esses estudos, pois não se pode presumir que os modelos animais reflitam completamente o que ocorre em receptores humanos”, afirmou Griesemer.

Pesquisadores na China afirmaram que realizaram o estudo, em parte, devido ao potencial transformador do xenotransplante.

O Dr. Ankit Bharat, cirurgião torácico e diretor do Instituto Torácico Canning da Northwestern Medicine, considerou a pesquisa relevante, porém, acredita que os transplantes de pulmão de porco para humanos não ocorrerão tão rapidamente.

Ele afirmou: “Nós aprenderemos algo com isso, mas não estou totalmente convencido de que isso realmente abre as portas para a realização de testes maiores, apenas com base no que observamos aqui.”

Ele afirmou que os pulmões são muito mais complexos de transplantes do que órgãos como os rins.

Os pulmões exercem um papel crucial na filtração do sangue, regulação da temperatura, produção de plaquetas, equilíbrio do pH e defesa imunológica, além de possuírem funções metabólicas e endócrinas. Por outro lado, diferentemente dos rins ou do coração, os pulmões estão expostos a elementos externos, como vírus e bactérias, durante a absorção do ar.

Devido ao seu tamanho e à presença de proteínas que reforçam a defesa imunológica, torna-se difícil superar a predisposição do organismo a rejeitar substâncias estranhas, afirmou Bharat.

“Esta é uma questão difícil de solucionar. Nós ainda não a resolvemos, mesmo em órgãos humanos”. “Então, você está apenas adicionando outra camada de complexidade com antígenos de porco que podem se tornar outro problema”.

Apesar dos pesquisadores envolvidos no novo estudo terem indicado que o corpo do homem não apresentou sinais de rejeição imediata do pulmão de porco, Bharat não demonstra tanta certeza após analisar as imagens de raio-X e tomografia computadorizada que foram compartilhadas.

“Há muito dano”, disse Bharat. “Não sei se estou totalmente convencido de que não houve rejeição aguda.”

Bharat acredita que, em relação aos transplantes de pulmão, os avanços no uso de células-tronco do próprio ser humano podem ser mais promissores do que o transplante de um órgão de porco.

Griesemer afirmou que existem pesquisas em curso que visam empregar um pulmão suíno como suporte para que, na terapia com células-tronco, as células de porco sejam substituídas por células humanas.

“Em certo sentido, isso não constituiria um xenotransplante, pois as células seriam humanas, mas a estrutura seria de um porco”, afirmou Griesemer. “Assim, essa é outra possibilidade de como a tecnologia médica pode solucionar esse problema para indivíduos que necessitam de um transplante de pulmão.”

Desenvolvimentos recentes em clonagem e edição genética, aliados a um melhor entendimento do controle de infecções, permitiram que algumas instituições tenham avançado no transplante de órgãos de porco – todos os passos cruciais que poderiam um dia resultar em uma alternativa de oferta de órgãos.

Descubra o funcionamento de um transplante de rim de porco para humanos.

Fonte por: CNN Brasil

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