O Partido Socialismo e Liberdade (Psol) protocolou, na segunda-feira (21), um pedido de impeachment contra o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Guilherme Cortez (Psol-SP), líder do partido na Casa, declarou que o gestor paulista praticou “cinco crimes de responsabilidade”, buscando interferir no sistema de justiça para proteger o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e influenciar o curso da investigação da trama golpista, que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).

“Já está muito claro que o governador Tarcísio de Freitas está utilizando do seu cargo para infringir o sistema de justiça brasileiro”, afirmou Cortez em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato. “Ele prefere vestir o boné do [presidente dos Estados Unidos, Donald] Trump do que apoiar os produtores, do que apoiar os empregos no estado dele”, diz, em referência a fotos e vídeos do governador usando o acessório de campanha do líder estadunidense, com o slogan “Make America great again” (Tornar a América grande novamente).

O parlamentar afirma que o governador agiu para viabilizar uma possível saída de Bolsonaro para os Estados Unidos em razão da crise diplomática provocada pelas tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, anunciadas por Trump.

Ele não possui qualquer mandato para negociar os interesses do Brasil nos Estados Unidos, e isso é uma clara tentativa de auxiliar na fuga do Bolsonaro.

A denúncia foi apresentada mesmo com a Assembleia Legislativa de São Paulo em período de recessão. Cortez admite que Tarcísio possui maioridade na Câmara, mas considera que existe uma “janela de oportunidade” devido ao seu recente desgaste político.

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O setor agropecuário, que Tarcísio sempre defendeu, está bastante preocupado, conforme temíamos nas últimas semanas, indica.

Ele alega que os cinco crimes de responsabilidade imputados a Tarcísio são: crime contra a existência da União; contra o livre exercício do Poder Judiciário; contra a segurança interna do país; contra a probidade administrativa; e contra o cumprimento de decisões judiciais.

A análise do pedido de impeachment será tratada com outros partidos parlamentares após a retomada das sessões da Assembleia.

A situação é pior do que a de Bolsonaro.

Cortez também critica a política econômica e de segurança pública do governo paulista. “Em dois anos e meio de mandato, já tivemos a principal empresa pública do Estado, a Sabesp [Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo], privatizada; aumento da violência policial; e a redução de 5% do mínimo constitucional da rede estadual de ensino. É um governo muito nocivo para o estado”.

Na avaliação do deputado, o governador busca conciliar interesses distintos: o bolsonarismo conservador e a elite econômica paulista. “Tarcísio tenta se apresentar como uma opção mais aceitável para a direita tradicional, um Bolsonaro que sabe usar talheres. No entanto, na realidade, ele se mostra pior que Bolsonaro, pois consegue agir de forma oportunista e causar uma destruição muito maior”, avalia.

Cortez afirma que a política de segurança implementada no estado se caracteriza por negligência e violência. “Há policiais jogando pessoas de cima de ponte, de viaduto. Isso, para nenhuma pessoa, torna a polícia mais confiável, mais segura, mas mais despreparada, ineficaz; um sistema de segurança pública muito mais ineficiente para proteger a população do nosso estado”, lamenta.

Cortez critica os possíveis herdeiros de Tarcísio, caso ele concorra à presidência nas eleições de 2026: o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), o secretário de Segurança Pública Guilherme Derrite (PL) e o presidente da Alesp, André do Prado (PL). “Ninguém deles possui a qualificação, a experiência e a competência necessárias para governar São Paulo”.

O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.

Fonte por: Brasil de Fato