Rodrigo Paz denuncia que administrações passadas deixaram o ex-líder do país agir impunemente, sem enfrentar consequências legais.
Em entrevista à CNN, Rodrigo Paz, recém-eleito presidente da Bolívia, discutiu a influência do ex-presidente Evo Morales, que tem sido uma figura central na política do país por 20 anos e enfrenta diversas denúncias e processos judiciais pendentes.
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Paz afirmou: “O presidente não é quem coloca as pessoas na cadeia”, ressaltando que a questão não se trata apenas dele, mas sim de justiça. Ele garantiu que promoverá uma reforma judicial e que seu governo usará toda a influência institucional necessária para assegurar a execução dos processos.
Sobre Morales, o presidente eleito declarou que “a justiça recairá sobre aqueles que tiverem que enfrentar a justiça, sejam eles chamados Evo, Juan ou Pepe. Mas Evo tem uma condição especial: o Estado não aplicou a ele o rigor da lei”.
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Paz criticou governos anteriores que permitiram que Morales atuasse sem enfrentar consequências legais. “Este governo, como os últimos 20 anos, permitiu que a justiça não fosse aplicada como deveria”, afirmou. Ele enfatizou que a justiça será aplicada a todos, independentemente do nome.
Rodrigo Paz e seu vice-presidente eleito, Edman Lara, assumirão oficialmente o poder em 8 de novembro. Paz, de 58 anos, ex-prefeito de Tarija, venceu as eleições presidenciais no dia 19, derrotando Jorge “Tuto” Quiroga, que obteve 45,5% dos votos, enquanto Paz alcançou 54,5% no segundo turno, conforme a contagem rápida do Tribunal Supremo Eleitoral.
No primeiro turno, realizado em agosto, Paz surpreendeu ao conquistar o primeiro lugar, mesmo após pesquisas indicarem que ele estaria em quarto lugar nas intenções de voto. As pesquisas para o segundo turno mostraram Quiroga, um candidato de direita, na liderança.
Autodenominado centrista, Paz sucederá Luis Arce, do MAS (Movimento ao Socialismo), em um cenário de crise econômica, com escassez de combustível, alta inflação e recessão de 2,4% no primeiro semestre, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE).
O presidente eleito negou ter feito um pacto com o MAS para chegar ao poder, afirmando que sua vitória simboliza o fim de um ciclo político que prejudicou o país. “É preciso ser muito masoquista para estar ligado a algo que não fez bem ao país”, declarou.
Paz destacou a necessidade de fechar um ciclo e abrir espaço para uma Bolívia com novas diversidades e contribuições. Ele propôs um governo de unidade com os três blocos de oposição que conquistaram representação parlamentar, enfatizando que deseja que esses blocos liderem um novo governo.
“Isso culminou e nos dá uma oportunidade”, concluiu Paz, prometendo uma era marcada pela transparência e meritocracia, distanciando-se do modelo do MAS que predominou por quase duas décadas.
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Com formação em Jornalismo e especialização em Saúde Pública, Lara Campos é a voz por trás de matérias que descomplicam temas médicos e promovem o bem-estar. Ela colabora com especialistas para garantir informações confiáveis e práticas para os leitores.