Preços elevados e restrição de crédito são causados por tarifas, afirma Lula

O chefe do Executivo manifestou sua crítica, em publicação no jornal britânico “The Guardian”, à proposta de “desglobalização”.

10/07/2025 23:43

3 min de leitura

Preços elevados e restrição de crédito são causados por tarifas, afirma Lula
(Imagem de reprodução da internet).

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou, em artigo publicado no jornal britânico “The Guardian”, o aumento das tarifas comerciais globais, que, na sua visão, impulsionam os preços e dificultam o desenvolvimento da economia mundial.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Para Lula, a imposição de barreiras comerciais desorganiza as cadeias globais de valor e propulta o planeta para uma espiral de inflação e estagnação econômica.

A lei do mais forte também ameaça o sistema de comércio multilateral. Tarifas abrangentes interrompem as cadeias de valor e impulsionam a economia global para uma espiral de preços elevados e estagnação. A Organização Mundial do Comércio perdeu sua relevância, e a rodada de desenvolvimento de Doha não é mais lembrada.

Leia também:

A declaração ocorre após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estabelecer uma alíquota de 50% sobre os produtos brasileiros.

O presidente brasileiro também recusou a ideia crescente de “desglobalização”, afirmando que essa perspectiva é equivocada e que o mundo não pode se isolar diante dos desafios compartilhados.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“Não é possível desconectar nossa existência compartilhada. Nenhum muro é alto o suficiente para preservar ilhas de paz e prosperidade cercadas por violência e miséria”, declarou.

Lula alertou também para o risco de colapso da ordem internacional estabelecida após a Segunda Guerra Mundial, que em 2025 completa 80 anos. Ele mencionou o enfraquecimento das instituições multilaterais, o uso ilegal da força por potências globais e a escalada de conflitos, notadamente no Oriente Médio, que questionam a estabilidade mundial.

As rachaduras já eram evidentes há muito tempo. Desde os conflitos no Iraque e no Afeganistão, a intervenção na Líbia e a guerra na Ucrânia, certos membros permanentes do Conselho de Segurança têm desvalorizado o emprego ilegal da força, afirmou Lula.

A omissão de intervenção frente ao genocídio em Gaza constitui uma negação dos princípios fundamentais da humanidade. A dificuldade em transcender as disparidades está fomentando um novo ciclo de violência no Oriente Médio, incluindo o ataque à Irã, conforme adicionou.

Na esfera econômica, o presidente menciona o modelo “neoliberal” em vigor desde a crise de 2008, ressaltando que o socorro financeiro favoreceu grandes empresas e os mais ricos, ampliando a “desigualdade” global. “Nos últimos 10 anos, os US$ 33,9 trilhões (£ 25 trilhões) acumulados pelo 1% mais rico do mundo correspondem a 22 vezes os recursos necessários para erradicar a pobreza global, segundo relatório da Oxfam.”

Ademais, Lula destacou que “vários países interromperam programas de cooperação” internacional e não cumpriram metas climáticas, enfatizando que as nações mais pobres, que menos contribuíram para a crise ambiental, são as mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas.

Não se trata de caridade, mas de combater desigualdades enraizadas em séculos de exploração, interferência e violência contra os povos da América Latina e Caribe, África e Ásia. Em um mundo com PIB combinado superior a US$ 100 trilhões, é inaceitável que mais de 700 milhões de pessoas ainda sofram de fome e vivam sem eletricidade ou água.

Apesar das dificuldades, o presidente evidenciou os progressos alcançados pelo sistema multilateral, incluindo a eliminação da varíola e a conservação da camada de ozônio, e enfatizou a atuação do Brasil na promoção de acordos globais, por meio da liderança do G20, do BRICS e da COP30.

É imperativo reiterar o compromisso com a diplomacia e restaurar os fundamentos de um multilateralismo autêntico – apto a atender à apreensão de uma humanidade em relação ao seu futuro.

Assim poderemos interromper passivamente a ascensão da desigualdade, a insensatez da guerra e a destruição do nosso próprio planeta, concluiu.

Sob a supervisão de Douglas Porto

Fonte por: CNN Brasil

Autor(a):

Com uma carreira que começou como stylist, Sofia Martins traz uma perspectiva única para a cobertura de moda. Seus textos combinam análise de tendências, dicas práticas e reflexões sobre a relação entre estilo e sociedade contemporânea.