A entrada em conflito implica em maiores déficits fiscais e aumento do endividamento, considerando o debate global sobre a sustentabilidade da dívida dos Estados Unidos no curto e no longo prazo, podendo haver também uma elevação do preço do petróleo.
Parece que os Estados Unidos buscam evitar uma escalada do conflito com o Irã. O governo de Donald Trump não tem ganhos com a continuidade da guerra – muito menos com a intervenção dos EUA em território do país persa. Inicialmente, porque haveria uma quebra da promessa de campanha de Donald Trump, de que ele protegeria os interesses do povo americano, sem se envolver em guerras. Se, somente com ataques direcionados às instalações nucleares iranianas, muitos seguidores do MAGA (Make America Great Again) já criticam a operação militar, considere-se com os EUA, de fato, na guerra.
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A decisão de não intensificar o conflito também se deve ao risco de colocar em perigo a vida de numerosos cidadãos americanos nas embaixadas do Oriente Médio. Trump reconhece que o governo iraniano poderia responder com ataques a consulados e embaixadas na Síria, no Iraque e em outros países da região. Além do aspecto humanitário, há também a questão econômica. Intervir na guerra implica maiores déficits fiscais e maior endividamento, em um momento em que o mundo discute a sustentabilidade da dívida americana no médio e no longo prazo.
Na esfera econômica, pode ocorrer um aumento do preço do petróleo, elevando a inflação para a população norte-americana. Também seria frustrada uma promessa de campanha: a melhoria da economia. Adicionalmente, é difícil prever as reações do próprio Irã e dos atores geopolíticos internacionais. Caso haja uma escalada da guerra, o Irã não aceleraria ainda mais seu programa nuclear para construir uma bomba atômica? Como reagirão China e Rússia, aliados do Irã?
Em síntese, o ataque dos Estados Unidos às instalações nucleares iranianas parece ter sido uma resposta para prestar apoio a Israel, atender o lobby do deep state e dos neocons, e demonstrar a força americana, “sem entrar em guerra”. Trump sabe que escalar o conflito traz impactos políticos, geopolíticos, econômicos e humanitários não triviais. Se com o Iraque já foi complicado, imagine com o Irã.
Fonte por: Jovem Pan
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Autor(a):
Gabriel é economista e jornalista, trazendo análises claras sobre mercados financeiros, empreendedorismo e políticas econômicas. Sua habilidade de prever tendências e explicar dados complexos o torna referência para quem busca entender o mundo dos negócios.