Plenário do Senado analisa medidas para fortalecer conteúdos de direita, em articulação com grandes empresas de tecnologia
Evento do partido no Ceará incluiu treinamentos oferecidos pelo Google e pela Meta; as empresas afirmam que seminários são frequentes entre partidos políticos e abordam o emprego de ferramentas digitais.

O PL do ex-presidente Jair Bolsonaro tem se aproximado das grandes empresas de tecnologia para fins partidários. Em 2025, foram realizados dois seminários de comunicação com treinamentos voltados para o estímulo de conteúdo e elogios às empresas estrangeiras por estarem “do lado certo”.
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Recentemente, o partido buscou a Meta, proprietária do Instagram e do WhatsApp, e a Google para ministrar treinamentos em Fortaleza. Anteriormente, recebeu apresentações de profissionais do X e do TikTok no seminário em Brasília.
Em sua visita à capital cearense, em 30 de maio, Bolsonaro elogiou a participação das grandes empresas de tecnologia e afirmou que a Google e a Meta “estão no lado certo” ao aderir às “diretrizes da 1ª Emenda dos Estados Unidos”, que garante a liberdade de expressão.
Meta e Google, durante o seminário de Fortaleza, indicaram que esses treinamentos são conduzidos regularmente com partidos e atores políticos, independentemente de suas ideologias. As empresas não divulgaram o número de eventos em que participaram durante este ciclo eleitoral.
A empresa controladora do Facebook informou que os eventos visam “capacitar equipes sobre as melhores práticas nas plataformas”. O Google declarou que eles oferecem “compreensão de profissionais em diversas áreas sobre novas tecnologias”, incluindo a ferramenta Google Trends e o chatbot de inteligência artificial Gemini. Seguem as íntegras das notas da Meta (PDF – 18 kB) e do Google (PDF – 20 kB).
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Influenciadores de direita
O ex-presidente Jair Bolsonaro creditou sua vitória em 2018 ao uso de celular e afirmou que o trabalho de influenciadores da direita é a causa da certeza de que a vitória um dia se concretizaria. O PL tem investido na aproximação e no impulso de conteúdos de criadores alinhados com a legenda.
O partido lançou em 2024 a “Academia da Direita” com núcleos de formação para criadores de conteúdo e tem promovido campanhas com os principais nomes da sigla –notadamente aqueles com maior alcance no público digital, como o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG).
A presença de grandes empresas de tecnologia em eventos do partido visa promover esses conteúdos. Um profissional técnico da Meta realizou uma apresentação inicial sobre o Llama, inteligência artificial da empresa, e como ela pode aumentar o alcance das publicações de influenciadores de direita.
Empresas de tecnologia sob investigação no Supremo Tribunal Federal.
O Supremo Tribunal Federal retomou na quarta-feira (4.jun.2025) a análise sobre a responsabilização das redes sociais por conteúdos dos usuários. A Corte avalia a validade do artigo 19 do Marco Civil da Internet (Lei 12.965 de 2014), que determina que a remoção de determinados conteúdos ocorra somente após decisão judicial.
A conversa retomou-se após o governo de Donald Trump (Partido Republicano) anunciar que restringiria vistos para autoridades que “censuras” os norte-americanos e empresas de tecnologia. Embora não esteja claro se as sanções incluem autoridades brasileiras como o ministro Alexandre de Moraes, em 21 de maio, o secretário de Estado, Marco Rubio, afirmou que o magistrado poderia ser um alvo.
O senador e secretário-geral do PL, Rogério Marinho (RN), durante o seminário em Fortaleza, criticou o julgamento, afirmando que o artigo é uma “tradição do direito brasileiro e internacional”.
“O que eles querem é criar um ministério da verdade, da isenção, um ministério em que vão dizer o que é verdade e o que é mentira”, declarou o congressista.
O Google também se manifestou contrariamente à revisão do artigo. A empresa de tecnologia declarou que o Marco Civil “pode e deve ser aprimorado”, mas ressaltou a importância de se adotarem critérios que evitem “insegurança jurídica e a remoção indiscriminada de conteúdo”.
As boas práticas de moderação de conteúdo por empresas privadas são incapazes de lidar com todos os conteúdos controversos, na variedade e profundidade com que eles se apresentam na internet, refletindo a complexidade da própria sociedade. A atuação judicial nesses casos é um dos pontos mais importantes do Marco Civil da Internet, disse a empresa em comunicado.
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Fonte por: Poder 360
Autor(a):
Ricardo Tavares
Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.