Planeta alcança 1º ponto crítico climático irreversível, alerta relatório de 160 cientistas

Relatório elaborado por 160 cientistas indica que impactos ainda mais severos estão a caminho.

14/10/2025 6:35

4 min de leitura

(Imagem de reprodução da internet).

Nova realidade climática: recifes de corais em risco

O planeta enfrenta uma “nova realidade” ao alcançar o primeiro de uma série de pontos críticos climáticos catastróficos e possivelmente irreversíveis: a morte generalizada dos recifes de corais. Essa afirmação é parte de um relatório histórico elaborado por 160 cientistas de diversas partes do mundo.

Com a queima de combustíveis fósseis e o aumento das temperaturas globais, o planeta já enfrenta ondas de calor, inundações, secas e incêndios florestais cada vez mais severos. No entanto, impactos ainda mais graves estão por vir.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Perigos iminentes das mudanças climáticas

As mudanças climáticas podem estar levando sistemas essenciais da Terra, como a Floresta Amazônica e as calotas polares, a um ponto de desequilíbrio extremo, resultando em colapsos que causariam efeitos devastadores em escala global. Tim Lenton, professor do Global Systems Institute da Universidade de Exeter e um dos autores do relatório, destacou que estamos nos aproximando rapidamente de múltiplos pontos de inflexão no sistema terrestre.

Leia também:

O estudo revela que os corais de águas quentes são os primeiros a ultrapassar esse limite. Desde 2023, os recifes do mundo enfrentam o pior evento de branqueamento em massa já documentado, com mais de 80% deles afetados devido às temperaturas recordes dos oceanos.

Consequências da morte dos recifes de corais

O que antes era um vibrante espetáculo subaquático está se transformando em uma paisagem esbranquiçada, dominada por algas. Mike Barrett, conselheiro científico-chefe do World Wildlife Fund (WWF) do Reino Unido e coautor do relatório, afirmou que já ultrapassamos os limites que os recifes de coral conseguem suportar. Sem a reversão do aquecimento global, vastos recifes, como os conhecemos, desaparecerão.

Os impactos dessa situação serão profundos: os recifes de coral são habitats essenciais para inúmeras espécies marinhas, fundamentais para a segurança alimentar e desempenham um papel crucial na economia global, além de proteger áreas costeiras contra tempestades.

Riscos de colapso e necessidade de ação

O relatório alerta que, se as temperaturas continuarem a subir, o planeta se aproximará de vários outros pontos críticos, com grande probabilidade de ultrapassar a meta global de limitar o aquecimento a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Um dos cenários mais alarmantes é o possível colapso da Circulação Meridional de Revolvimento do Atlântico (AMOC), que teria consequências globais catastróficas.

Barrett enfatizou que há risco de que esse colapso ocorra ainda durante a vida das pessoas que estão nascendo e vivendo hoje. Manjana Milkoreit, pesquisadora da Universidade de Oslo e coautora do relatório, destacou que o mundo não está preparado para os impactos de ultrapassar esses pontos de inflexão.

Ações urgentes e sinais de esperança

O relatório pede ações imediatas, como a redução rápida das emissões de gases de efeito estufa e o aumento das iniciativas de remoção de carbono da atmosfera. Lenton afirmou que, embora o mundo inevitavelmente ultrapasse os 1,5°C, é crucial minimizar o aquecimento adicional.

Apesar das conclusões alarmantes, o relatório também aponta sinais positivos, como a rápida adoção de energia solar, veículos elétricos e tecnologias mais eficientes. O documento foi divulgado um mês antes da COP30, conferência climática anual da ONU, que ocorrerá no Brasil, onde os países devem apresentar novas metas de redução de emissões.

Barrett alertou que essa situação deve servir como um aviso: se não agirmos de forma decisiva, poderemos perder a Floresta Amazônica, as calotas polares e correntes oceânicas vitais, resultando em um cenário catastrófico para a humanidade.

Marcos Oliveira é um veterano na cobertura política, com mais de 15 anos de atuação em veículos renomados. Formado pela Universidade de Brasília, ele se especializou em análise política e jornalismo investigativo. Marcos é reconhecido por suas reportagens incisivas e comprometidas com a verdade.