Pesquisadores da Universidade da Pensilvânia registram efeito da tirzepatida no cérebro de obesos

Pesquisadores da Universidade da Pensilvânia revelam, pela primeira vez, o impacto da tirzepatida no cérebro de pacientes obesos, destacando avanços na terapia para compulsão alimentar

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(Imagem de reprodução da internet).

Pesquisadores registram efeito da tirzepatida no cérebro de pacientes obesos

Durante a realização de uma terapia experimental para obesidade com compulsão alimentar, cientistas da Universidade da Pensilvânia (EUA) registraram, por acaso, o primeiro registro cerebral direto do efeito da tirzepatida, princípio ativo do Mounjaro, no núcleo accumbens.

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Essa é a primeira vez que se observa, em tempo real, um medicamento para obesidade atuando em neurônios reais.

A estimulação cerebral profunda (ECP), utilizada na pesquisa, é um procedimento cirúrgico que envolve a implantação de eletrodos finos no núcleo accumbens, uma área que expressa o receptor GLP-1, hormônio imitado pelos medicamentos modernos para perda de peso.

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Esses eletrodos se conectam a um gerador de pulsos que envia correntes elétricas precisas ao cérebro.

Resultados do experimento com pacientes

O estudo focou em pacientes que, após tentativas de dietas, exercícios e até cirurgia bariátrica, ainda enfrentavam compulsão alimentar e reganho de peso. Entre os três participantes, uma mulher de 60 anos estava em tratamento para diabetes tipo 2 com Mounjaro.

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Os pesquisadores aproveitaram a oportunidade para observar como a tirzepatida afetava seu circuito de recompensa cerebral durante episódios de desejo intenso por comida.

Nos três meses seguintes à recuperação da cirurgia, que coincidiram com o aumento da dose de tirzepatida, a paciente não apenas perdeu peso, mas também apresentou uma ausência de “ruído alimentar”. O pesquisador líder, Casey Halpern, destacou que isso foi precedido por um silêncio profundo no núcleo accumbens, onde a atividade elétrica normalmente aumenta durante crises de preocupação alimentar.

Alerta cerebral e recaídas

Após três meses de “silêncio cerebral”, o alarme cerebral retornou, inicialmente como um sinal elétrico anormal e, semanas depois, como sintomas de compulsão. Isso indica que o cérebro pode prever crises antes que o paciente perceba. Curiosamente, cinco a sete meses após o implante, o padrão cerebral associado à perda de controle alimentar começou a aparecer na terceira participante, mesmo com a dose máxima de tirzepatida.

Os autores do estudo observaram que, embora o biomarcador neural tenha reaparecido no quinto mês, foi somente no sétimo mês que a preocupação alimentar se intensificou. Isso sugere que o cérebro sinaliza a possibilidade de recaída antes que o paciente tenha consciência do problema.

Implicações para futuras terapias

O estudo não apenas demonstrou, pela primeira vez, a ação de um medicamento moderno para obesidade em um circuito neural humano, mas também indicou que a tirzepatida pode acalmar padrões de atividade cerebral disfuncional relacionados ao impulso de comer.

Isso sugere que o medicamento atua não apenas no apetite, mas também no circuito que controla motivação e prazer.

Essas descobertas podem levar ao desenvolvimento de biomarcadores neurais que orientem tratamentos mais precisos para compulsão alimentar, permitindo ajustes nas doses de agonistas GLP-1/GIP e identificando pacientes com maior risco de desenvolver tolerância.

Além disso, conhecer o intervalo entre o surgimento do biomarcador e os sintomas pode possibilitar intervenções preventivas, como terapia cognitivo-comportamental.

A neurocientista Amber Alhadeff, do Monell Chemical Senses Center, ressaltou a necessidade de validar os resultados em um número maior de participantes, já que as evidências foram obtidas a partir de um estudo com um grupo reduzido.

Gabriel é economista e jornalista, trazendo análises claras sobre mercados financeiros, empreendedorismo e políticas econômicas. Sua habilidade de prever tendências e explicar dados complexos o torna referência para quem busca entender o mundo dos negócios.

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