Discriminação e Consumo entre a População Negra no Brasil
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Akatu e pelo Instituto DataRaça, divulgada nesta segunda-feira (10), revelou que aproximadamente 1 em cada 3 negros no Brasil enfrentou discriminação ao tentar acessar produtos ou serviços no último ano. O estudo aponta que 34,8% da população negra sofreu esse tipo de discriminação, com destaque para os setores de varejo (41%), supermercados (28%) e shoppings (19%).
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O levantamento, que teve execução técnica da Market Analysis e se baseou em dados da Pnad Contínua, também destacou que os consumidores negros movimentam cerca de R$ 1,9 trilhão anualmente no país. Esses consumidores estão se tornando mais exigentes e protagonistas nas compras, especialmente entre jovens e mulheres.
Segundo a pesquisa, 37,4% já escolheram marcas que respeitam a população negra, enquanto 24,6% puniram empresas racistas ao criticar ou deixar de consumir seus produtos.
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Engajamento e Mobilização
O comportamento de consumo consciente é mais evidente entre jovens de 18 a 34 anos e mulheres negras, que demonstram maior engajamento nas práticas de inclusão. Entre as mulheres, 42,6% afirmaram já ter recompensado empresas que compartilham valores de equidade racial, enquanto 30,2% relataram ter boicotado marcas.
A geração Z se destaca como a mais mobilizada, com 73,9% percebendo discriminação em compras e serviços, e 45,5% premiando marcas inclusivas.
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Em termos regionais, o Nordeste se destaca pelo engajamento nas redes sociais (67,4%) e pelo otimismo em relação ao poder transformador das marcas. O Sudeste, por sua vez, apresenta o maior nível de confiança no YouTube, com 72,5% dos usuários utilizando a plataforma.
O Centro-Oeste se destaca pelo uso do WhatsApp (49,5%), enquanto o Sul apresenta a maior percepção de barreiras raciais no consumo.
Setores e Desafios da Inclusão Racial
Os setores de e-commerce, higiene e beleza, moda e bancos foram avaliados positivamente em relação à inclusão racial, com mais de 70% de aprovação em representatividade e atendimento. Em contrapartida, os setores de bebidas, medicamentos e alimentação foram considerados os que menos dialogam com a diversidade racial.
Os desafios são mais evidentes em setores com atendimento presencial, como varejo físico, shoppings e supermercados, que enfrentam dificuldades, mas também têm grandes oportunidades de evolução. A pesquisa indica que a representatividade real é vista como um fator crucial na percepção de valor das marcas, com 64% dos consumidores afirmando que a presença de pessoas negras em campanhas publicitárias aumenta a confiança na marca.
Além disso, 69% acreditam que a falta de profissionais negros em cargos de liderança ou como porta-vozes diminui a percepção de autenticidade das marcas. Os principais erros identificados incluem o uso superficial da cultura negra (18%) e a ausência de campanhas sobre igualdade racial (15%).
