Campanhas utilizando influenciadores digitais criados por inteligência artificial se expandem no Brasil, porém, o impacto requer criatividade, o momento…
Nos últimos meses, empresas como Burger King, Magalu, Puma e Latam lançaram campanhas com personagens digitais gerados por inteligência artificial. A utilização dessa tecnologia tem se tornado uma tendência no setor publicitário, com a expectativa de produção mais ágil, maior escala e novas opções visuais.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Contudo, especialistas advertem que o sucesso com influenciadores digitais criados por inteligência artificial demanda mais do que o simples emprego da ferramenta. Segundo Rodrigo Terra, sócio da Monking e responsável pelo primeiro estúdio audiovisual de IA generativa do país, o principal fator diferenciador reside na maneira como as marcas aplicam esse recurso em uma estratégia de comunicação bem estruturada.
Terra afirma que o que diferencia um personagem é a habilidade de narrar uma história significativa.
O desenvolvimento de plataformas como Sora (OpenAI), Veo 3 (Google DeepMind) e Midjourney tem expandido o acesso à criação de vídeos e imagens gerados a partir de texto. Esse movimento está transformando o andamento da produção publicitária, com ações que demandam menos tempo e estrutura do que os modelos anteriores.
A campanha mais recente do Burger King, com a personagem IAra, ilustra essa nova tendência. Criada por meio de inteligência artificial, a personagem interage com o público e promove os produtos da marca.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Contudo, o impacto dessas produções não é assegurado. A Terra aponta que o setor publicitário está em fase de avaliação. “É cedo para afirmar se surgirá uma nova geração de influenciadores digitais bem-sucedidos. O que importa é a relevância e o ajuste com o objetivo da marca”.
Rodrigo Terra afirma que empresas que buscam viralizar com personagens digitais devem ir além da estética. “Desenvolver um personagem não é suficiente. É preciso considerar o momento certo, criatividade e investimento em divulgação. Nem todas as marcas alcançarão o mesmo impacto da Marisa Maiô.”
O sucesso, na sua visão, reside na combinação de tecnologia, história e estratégia de mídia. “Se a distribuição for restrita, o personagem não atinge grande alcance. Se a narrativa estiver desalinhada com a marca, o envolvimento do público não ocorre.”
A inteligência artificial também está transformando a estrutura da cadeia publicitária. Empresas procuram parceiros com experiência em IA generativa e audiovisual, frequentemente além das produtoras tradicionais.
A Terra afirma que existe uma reestruturação do ecossistema. As empresas buscam agilidade e inovação, mas também demandam qualidade técnica e segurança jurídica. Gerar uma imagem é simples, contudo, veicular essa imagem na televisão ou no cinema, com as devidas autorizações e garantias, representa um desafio adicional.
A utilização da inteligência artificial no marketing ainda carece de regulamentação específica em relação a questões como direitos autorais, originalidade e licenciamento para fins comerciais de imagens produzidas por algoritmos, o que suscita incertezas no mercado, sobretudo em áreas com requisitos legais distintos.
A inteligência artificial pode expandir o processo criativo, porém não substitui a criação humana. É fundamental utilizá-la com um objetivo definido. A velocidade da produção será tão importante quanto o conteúdo em si, conclui Terra.
Fonte por: Carta Capital
Autor(a):
Com formação em Jornalismo e especialização em Saúde Pública, Lara Campos é a voz por trás de matérias que descomplicam temas médicos e promovem o bem-estar. Ela colabora com especialistas para garantir informações confiáveis e práticas para os leitores.