Perder entes queridos de forma significativa eleva o risco de óbito, aponta pesquisa
Pessoas com luto intenso e persistente apresentam um risco de mortalidade 88% maior em uma década, de acordo com estudo realizado na Dinamarca.

O luto é um processo comum e uma reação natural à perda de um ente querido. Contudo, para uma parte dos enlutados, o sentimento pode ser tão intenso que pode provocar enfermidades físicas e psicológicas, como depressão, ansiedade e problemas cardiovasculares.
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Pesquisas já demonstraram que pessoas enlutadas recorrem a serviços de saúde com maior frequência em relação àquelas que não sofreram uma perda recente.
Estudos recentes conduzidos na Dinamarca indicam que indivíduos que vivenciaram um luto profundo apresentaram maior risco de óbito em um período de dez anos. Os resultados foram divulgados nesta sexta-feira (25) na revista científica Frontiers in Public Health.
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Rastros de luto
Antes do estudo, os pesquisadores identificaram cinco trajetórias de luto, com base na intensidade dos sintomas nos primeiros três anos após a perda de um ente querido.
Indivíduos com curso leve (38%) exibiram níveis persistentemente baixos de sintomas de luto, enquanto 6% apresentaram trajetória intensa, com níveis persistentemente elevados. Três outras categorias situaram-se entre esses extremos: 18% e 29% seguiram uma trajetória “alta, mas decrescente” e uma “moderada, mas decrescente”, respectivamente, e 9% uma trajetória de “início tardio”, com um pico de sintomas cerca de seis meses após o luto.
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Os pesquisadores ampliaram o período de acompanhamento dos participantes para 10 anos, até 2022. Utilizaram dados do Registro Nacional de Saúde da Dinamarca para determinar a frequência com que cada participante recebeu “terapia da fala” por um clínico geral ou especialista, ou recebeu prescrição de algum medicamento psicotrópico.
O estudo revelou que indivíduos em processo de luto intenso apresentavam um risco 88% superior de óbito em um período de 10 anos em comparação com aqueles em luto menos intenso. Adicionalmente, os enlutados com sentimentos mais fortes tendiam a necessitar de serviços de saúde suplementares, além de um acompanhamento por três anos após o evento.
Esse grupo apresentava 186% maiores chances de receber terapia da fala ou outros serviços de saúde mental, 463% mais chances de receber prescrição de antidepressivos e 160% mais chances de receber prescrição de sedativos ou ansiolíticos.
As variações na frequência de utilização desses serviços de saúde entre as cinco trajetórias não apresentaram maiores diferenças após os primeiros oito anos, contudo, o excesso de mortalidade dos participantes na trajetória “alta” persistiu notável ao longo dos dez anos de acompanhamento.
Já havíamos identificado uma ligação entre níveis elevados de sintomas de luto e maiores taxas de doenças cardiovasculares, problemas de saúde mental e até suicídio. Contudo, a associação com a mortalidade necessita de investigação mais aprofundada, afirma Mette Kjærgaard Nielsen, pesquisadora pós-doutorado na Unidade de Pesquisa de Clínica Geral em Aarhus, Dinamarca, e autora correspondente do estudo, em comunicado.
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Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Bianca Lemos
Ambientalista desde sempre, Bianca Lemos se dedica a reportagens que inspiram mudanças e conscientizam sobre as questões ambientais. Com uma abordagem sensível e dados bem fundamentados, seus textos chamam a atenção para a urgência do cuidado com o planeta.