Partido Socialista Brasileiro aciona MP contra prefeito de São Paulo por afastamento de diretores de escolas públicas
A administração de Ricardo Nunes transferiu 25 funcionários para participar de um curso de reciclagem.

A Comissão Feminista do Psol apresentou uma representação ao Ministério Público Estadual contra o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e o secretário de Educação, Fernando Padula, em razão do afastamento de 25 diretores de escolas municipais da cidade para participarem de um curso de reciclagem.
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A vereadora Silvia Ferraro (Psol-SP) considera a medida como improbidade administrativa, desvalorização dos servidores públicos e parte de uma estratégia de privatização do ensino fundamental.
O prefeito Ricardo Nunes, em parceria com o secretário de Educação, afastaram 25 diretores de suas escolas para participarem de um curso, conforme explica Ferraro em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.
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A escolha dos diretores ocorreu com base em critérios frágeis e pouco transparentes, tais como índices educacionais que não refletem adequadamente a situação das escolas.
“Esses índices fornecem um retrato, não representam todo o processo de aprendizagem, todos os problemas e todos os obstáculos que ocorrem nessas escolas”, afirma. Um dos exemplos citados por Ferraro é o de uma escola no bairro do Canindá, com grande número de estudantes imigrantes que ainda estão aprendendo português e não conseguiram realizar a prova utilizada como critério.
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A vereadora declara que, além dos critérios inadequados, o curso não apresentou um conteúdo efetivo. “Eles [os diretores] estavam, em sua maioria, sozinhos, preenchendo planilhas, elaborando relatórios de maneira isolada, tarefas que deveriam ser discutidas com seus colegas”, afirma.
Não se tratava de um curso sério, era um curso falso, concluiu. Consideramos que foi uma punição, uma tentativa do Ricardo Nunes de demonstrar para a sociedade que esses índices estão ruins porque esses diretores são ruins, mas isso é uma falácia, protestam.
Estratégia para a privatização
Para a parlamentar, o ataque aos profissionais e à estrutura pública tem como objetivo final entregar a gestão das escolas do ensino fundamental à iniciativa privada. “Significa que a prefeitura abrir mão dos recursos do Fundeb [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação] e destinar mais recursos para essas iniciativas privadas”, alerta.
Ferraro também critica a desvalorização constante dos profissionais da educação por parte da gestão Ricardo Nunes. Após greves e mobilizações, o reajuste salarial anunciado para a categoria foi de apenas 2% em 2025 e mais 2% em 2026. “Esta é uma estratégia do prefeito Ricardo Nunes de desvalorizar os servidores públicos, em particular os servidores da educação”, declara.
A Justiça já considerou a medida ilegal e ordenou o retorno imediato dos diretores às suas funções. O Ministério Público afirma que a ação da prefeitura causou prejuízos significativos às comunidades escolares.
Ferraro afirma que “uma política pública deve beneficiar o público. E essa política pública do Ricardo Nunes prejudicou o público, causou ônus à sociedade, foi uma política ilegal”.
Para audir e visualizar.
O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.
Fonte por: Brasil de Fato
Autor(a):
Lara Campos
Com formação em Jornalismo e especialização em Saúde Pública, Lara Campos é a voz por trás de matérias que descomplicam temas médicos e promovem o bem-estar. Ela colabora com especialistas para garantir informações confiáveis e práticas para os leitores.