Pai de Adolescente Relata Jornada do Filho no Mundo do Crime e Dor da Perda

Pai de adolescente falecido em operação policial relata trajetória no crime. Em entrevista, expõe como filho iniciou contato com criminalidade via internet.

06/11/2025 8:50

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(Imagem de reprodução da internet).

Pai de Adolescente Relata Jornada do Filho no Crime

O pai de um adolescente de 14 anos, falecido durante a operação policial nos Complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, em 28 de outubro, deu detalhes sobre a trajetória do filho no mundo do crime. Em entrevista à BBC News Brasil, o pai expressou sua visão sobre a tragédia e se recusou a usar o termo “vítima” para descrever o jovem.

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Ele relatou que o filho iniciou sua incursão no crime com a prática de pilotagem de motocicletas, seguido por um contato inicial com a criminalidade, amplificado principalmente através da internet. O pai mencionou que, ao encontrar fotos do filho com armamento nas redes sociais, questionou diretamente o jovem: “Eu falei: ‘filho, pra quê você está tirando foto com a arma?’.

A rede social influencia muito na mente deles”, afirmou.

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Segundo o pai, a vida no crime é frequentemente romantizada. Ele destacou que as tentações existentes nas comunidades, apresentadas na televisão e nas redes sociais, levam os jovens a acreditarem que tudo é alcançável com facilidade. Ele lamentou ter lutado para manter o filho longe dessa situação: “Eu estava trabalhando na mente dele, trazendo ele para mim… Mas quando eu pensava que ele estava em casa, ele estava na rua”, declarou.

O contato telefônico com o filho, às 8h30 da manhã do dia da operação, foi abruptamente interrompido. “Quando eu ia falar com ele, de repente, ele desligou rápido e o contato sumiu. Nesse momento, eu já fiquei em choque”, relatou. Horas depois, amigos identificaram o corpo do adolescente.

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“Quando eu vi essa foto, eu já tinha certeza total. Eu olhei o menino no chão e sabia que era o meu menino”, disse o pai, detalhando que a posição do corpo era a mesma em que o filho costumava dormir. Apesar da dor, o pai manteve sua convicção: “Eu não podia… colocar o meu filho como vítima, mesmo ele tendo 14 anos.

Porque a vida era feita de escolha.”

O objetivo do pai agora é aconselhar os jovens, buscando repensar suas escolhas. “Minha preocupação é aconselhar os jovens para que eles repensem a vida deles. Se eles realmente amam seu pai, se eles realmente amam sua mãe, eles têm a chance de repensar a vida deles”, concluiu.

Autor(a):

Apaixonada por cinema, música e literatura, Júlia Mendes é formada em Jornalismo pela Universidade Federal de São Paulo. Com uma década de experiência, ela já entrevistou artistas de renome e cobriu grandes festivais internacionais. Quando não está escrevendo, Júlia é vista em mostras de cinema ou explorando novas bandas independentes.