Padre Danilo César não será indiciado por intolerância religiosa
O padre Danilo César, da Paróquia de Areial, localizada no Agreste da Paraíba, não enfrentará indiciamento por intolerância religiosa. Essa decisão foi tomada pela Polícia Civil da Paraíba (PCPB), que concluiu o inquérito na última segunda-feira (10).
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A investigação entendeu que a conduta do sacerdote não se enquadra em crime previsto na legislação.
A missa em questão ocorreu no dia 27 de julho deste ano e foi transmitida pela internet. Durante a celebração, o padre comentou sobre a morte da cantora Preta Gil, que faleceu no dia 20 do mesmo mês, nos Estados Unidos, devido a um câncer colorretal.
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Ele mencionou o pai da artista, Gilberto Gil, e questionou a eficácia dos orixás, dizendo: “Como é o nome do pai de Preta Gil? Gilberto Gil fez uma oração aos orixás. Cadê esses orixás que não ressuscitaram Preta Gil? Já enterraram?”.
Reações e manifestações
Após a divulgação do vídeo, houve uma forte reação na Paraíba. Entidades do movimento negro, além de representantes do candomblé e da umbanda, emitiram notas de repúdio, exigindo a responsabilização do sacerdote. A primeira denúncia formal foi feita pela Associação Cultural de Umbanda, Candomblé e Jurema Mãe Anália Maria, da região de Areial.
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Na terça-feira (11), as entidades religiosas da Paraíba se manifestaram oficialmente, ressaltando que a liberdade religiosa é um direito fundamental no Brasil. No entanto, enfatizaram que essa liberdade não deve ser usada como justificativa para discursos de ódio e desrespeito.
A nota criticou as declarações do padre, que questionou “cadê os orixás que não salvaram Preta Gil” e fez comentários desrespeitosos sobre as religiões de matriz africana.
Ação judicial da família Gil
Em outubro, Gilberto Gil e seus familiares entraram com uma ação cível por danos morais contra o padre e a Mitra Diocesana de Campina Grande (PB). O processo, que está em tramitação na Justiça do Rio de Janeiro, solicita uma indenização de R$ 370 mil.
Segundo os advogados da família, esse valor reflete a gravidade das declarações e o impacto das ofensas à memória da cantora.
No documento, a defesa argumenta que as falas do religioso configuram intolerância religiosa, injúria e ultraje religioso, além de reforçarem estigmas contra as religiões de matriz africana. A CNN Brasil está tentando contatar a defesa do padre Danilo César, enquanto a família Gil ainda não se manifestou sobre a decisão da Polícia Civil da Paraíba.
