Ovo recém? Estudo liberta alimento da culpa pelo colesterol alto

Estudo recente examinou individualmente os impactos do colesterol e da gordura saturada, revelando que os ovos podem ser positivos para a saúde.

04/08/2025 10:30

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Ovo recém? Estudo liberta alimento da culpa pelo colesterol alto
(Imagem de reprodução da internet).

Devido ao seu alto teor de colesterol, que variava em torno de 186 mg por gema, os ovos foram, por grande parte do século XX, vistos como um dos principais riscos para a saúde cardiovascular. A recomendação para indivíduos com colesterol elevado, diabetes ou histórico familiar de problemas cardíacos era restringir o consumo a, no máximo, quatro ovos por semana.

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A partir dos anos 2000, certos estudos populacionais iniciaram a dúvida sobre a relação entre o consumo de ovos e o aumento do LDL no sangue. No entanto, nenhum deles havia comparado de maneira independente os efeitos da gordura saturada utilizada no preparo dos ovos e sua relação com o colesterol dietético.

Pesquisadores da Universidade da Austrália do Sul (UniSA) realizaram um estudo inovador, identificando dois elementos que frequentemente coexistem na alimentação: o impacto do colesterol proveniente de alimentos como ovos e os efeitos da gordura saturada encontrada em itens como bacon, manteiga e carnes gordurosas.

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Um estudo publicado recentemente no The American Journal of Clinical Nutrition, foi um ensaio clínico randomizado cruzado envolvendo 61 adultos saudáveis que ingeriram, durante cinco semanas, três dietas com o mesmo valor calórico: alta ingestão de colesterol (600 mg/dia) – incluindo dois ovos – e baixo teor de gordura saturada.

A conclusão indica uma mudança de paradigma. Ao consumir dois ovos por dia em uma dieta com baixo teor de gordura saturada, não apenas não eleva o colesterol ruim, como também pode até mesmo auxiliá-lo na redução. Isso ocorre porque o colesterol da alimentação tem pouco impacto direto nos níveis de LDL.

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A nutricionista Clarissa Fujiwara, consultada pela CNN Brasil, ressaltou que “o estudo analisou indivíduos adultos saudáveis, sem doenças crônicas”. Para indivíduos com risco cardiovascular, a recomendação permanece cautelosa e individualizada, considerando que a resposta ao colesterol dietético varia geneticamente entre as pessoas.

A ingestão de ovos não eleva o LDL e não causa problemas cardíacos.

Há muito tempo os ovos são injustamente criticados por orientações dietéticas desatualizadas, afirma o pesquisador sênior Jon Buckley, professor da UniSA, em um comunicado. Ricos em colesterol, porém pobres em gordura saturada, eles são mundialmente questionados devido à gordura presente na gema.

A partir da década de 2010, tornou-se evidente que o consumo de colesterol não eleva automaticamente o LDL no sangue. Na realidade, a maior parte do colesterol presente no sangue é sintetizada pelo fígado, e não proveniente dos alimentos. Nosso organismo regula a produção de colesterol de acordo com a ingestão alimentar.

O especialista, com título de Mestre em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), sugere restringir o consumo de alimentos ricos em gordura saturada, tais como carnes vermelhas, gordura animal (banha e sebo), pele de frango, embutidos, bacon e leite integral e seus derivados, uma vez que estes incentivam o fígado a gerar maior quantidade de colesterol.

Na primeira dieta do estudo randomizado, os participantes consumiam dois ovos por dia durante uma semana. Na segunda, a ausência de ovos foi implementada. Na terceira, de controle, incluía alto colesterol, alta gordura saturada e um ovo semanal.

A dieta que incluía dois ovos por dia apresentava 600 mg de colesterol e 6% de gordura saturada. A dieta sem ovos contava com 300 mg/dia de colesterol e 12% de gordura saturada, ao passo que o grupo controle registrou 600 mg de colesterol com 12% de gordura saturada.

A dieta com ovos apresentou uma redução notável no LDL (103,6 mg/dl contra 109,3 mg/dl). A dieta sem ovos manteve níveis semelhantes aos do controle, embora com menor teor de colesterol alimentar. A gordura saturada se mostrou um fator determinante nas alterações do LDL.

As gorduras saturadas aumentam o LDL.

Os autores apontam que existem dificuldades nos mecanismos de alteração do LDL. Essa forma de colesterol apresenta partículas de diversos tamanhos: as grandes e macias são menos perigosas, enquanto as pequenas e densas são mais propensas a entrar nas artérias, levando à aterosclerose (acúmulo de placas).

A dieta com ovos diminuiu o LDL total, porém reduziu partículas grandes e aumentou levemente as pequenas, sem impacto na redução geral dos níveis de LDL. A dieta sem ovos também elevou partículas pequenas e reduziu as grandes, sem impacto na redução geral dos níveis de LDL.

Esses resultados demonstraram que a gordura saturada, e não o colesterol dos ovos, é a principal responsável pelo aumento do LDL.

A dieta com ovos também aumentou os níveis de luteína e zeaxantina no plasma. Esses dois carotenoides são antioxidantes, protegem a retina e combatem inflamações. De acordo com os autores, esses pigmentos naturais podem influenciar a motivação ou energia no cérebro, fazendo com que as pessoas se movam de forma mais natural.

Além do resgate de um alimento útil e nutritivo, a pesquisa expõe a face sombria do “reducionismo nutricional”, a mania de julgar alimentos por um único nutriente. A pesquisa atual comprovou cientificamente, com metodologia sólida, que o medo dos ovos era baseado em uma visão simplista, que distorcia a realidade nutricional.

É inegável que existem alimentos ultraprocessados – como salsichas, salgadinhos e refrigerantes – que não oferecem benefícios nutricionais. “No entanto, quando se trata de alimentos in natura, como os ovos, essa percepção do passado leva muitas pessoas a restringir severamente a alimentação”, conclui Fujiwara.

Ovo: vilão ou essencial para a saúde? Descubra tudo sobre o alimento.

Fonte por: CNN Brasil

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